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IRIS D’OR, DE AMBERFIG

Perfumart - resenha do perfume Amberfig - Iris D'orLançado em 2015, o perfume Iris d’Or foi criado em edição limitada para fazer parte de uma linha especial, dentro da Amberfig, chamada Preciosidades (constituída por Cuir Fétiche, Iris d’Or e Oudh). Na época de seu lançamento, o primeiro lote se esgotou em menos de 24 horas, como você pode conferir nesta entrevista realizada com o perfumista da casa.

O conceito foi desmistificar a íris, enquanto ingrediente da perfumaria, que se tornou mais conhecida por causa de seu cheiro terroso (que lembra maquiagem) e ampliar suas facetas com outras notas. Para tal, o perfumista decidiu incrementar a fragrância com notas que conferissem um teor dourado e uma certa luminosidade, através de resinas e da cera de abelha. Vale lembrar que a cera de abelha não tem o mesmo cheiro do mel. Ela confere ao perfume um aspecto melado e com nuances de tabaco. Porém, carrega uma característica única: ela apresenta um resultado igual em todas as fragrâncias nas quais é utilizada. Por essa razão, vários perfumes com tal nota se parecem muito, em algum momento da evolução. Em Iris d’Or, seu acorde me fez lembrar bastante do perfume Chene, de Serge Lutens.

Iris d’Or foi feito com notas de folhas de violetas e cassis, abrindo para um corpo de íris, cera de abelha, sementes de cenoura e feno-grego (também conhecido como fenacho ou alforva), rumo à base de fava tonka, cedros do Texas e da Virgínia, benjoim, ládano, baunilha e bálsamo de Tolu.

Na pele, a fragrância de Iris d’Or é intensa como em outras criações da casa. Aliás, a Amberfig é, na minha opinião, a versão brasileira da casa Serge Lutens. Mas a saída não correspondeu à composição. Em mim, pelo menos, o começo partiu do coração. A nuance mais intrigante vem do feno-grego, com um misto de curry (tempero indiano) e sempre-vivas (immortelle). Quem conhece um perfume chamado Immortelle de Corse (Voyage en Méditerranée – L’Occitane) irá entender ao que estou me referindo. Aliás, há muita semelhança entre ambas as fragrâncias, diga-se de passagem.

Para complementar, ainda que a evolução seja sutil, as resinas ampliam a sensualidade e o aspecto quente da fragrância. A fava tonka não se destacou, ao contrário do benjoim e do ládano, com seu teor oriental.

Para finalizar, vale lembrar que o líquido é bastante oleoso e o perfume projeta e dura muito. Mais uma vez, me resta dizer que nunca encontrei nada parecido na perfumaria brasileira. Belo trabalho!


 

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𝘽𝙤𝙧𝙧𝙞𝙛𝙖𝙣𝙙𝙤 𝙘𝙤𝙣𝙝𝙚𝙘𝙞𝙢𝙚𝙣𝙩𝙤 𝙝𝙖́ 𝙖𝙣𝙤𝙨. Crítico de fragrâncias, jurado de premiações nacionais nas categorias de perfumaria fina e cosméticos masculinos, além de consultor particular de estilo em fragrâncias e criador do Perfumart, blog especializado no assunto.

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