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NILANG, DE LALIQUE (2011)

Perfumart - resenha do perfume Lalique - Nilang 2011Nilang foi, originalmente, lançado em 1995 e sua inspiração foi a flor de lótus, que é uma flor aquática considerada sagrada, muito ligada à imagem de Buda e cujo significado é pureza espiritual. Seu rico simbolismo evoca significados poderosos em culturas diversas e a Lalique pensou em representar este conceito através de uma fragrância oriental e floral. Na versão vintage, o frasco representava a própria flor de lótus.

Em 2011, quase vinte anos depois, o mercado encontrava-se diferente e os fabricantes de perfumes estavam de olho em cortejar, com todos os seus esforços, o mercado Asiático e os países do Oriente Médio. Não é à toa que inúmeras empresas de perfumes de massa começaram a lançar coleções exclusivas apenas para tais locais.

Com esse foco, em 2011 a Lalique relançou Nilang em duas versões: uma nova Eau de Parfum e uma Extrait de Parfum, com frasco feito em cristal, trazendo as flores no topo e decoradas com ouro. Um luxo!

Esta resenha trata da versão EDP de 2011, cujo frasco é esse da foto acima. A composição também mudou um pouco: a versão vintage trazia o poder floral no topo, a flor de lótus no corpo e uma base mais gourmand, com baunilha e pralinê. Por isso, é possível encontrar várias resenhas comentando sobre sua similaridade com alguns perfumes da linha Angel (Thierry Mugler). Nesta versão de 2011, a flor de lótus chega na frente, junto com varias frutas. O buquê floral passou para o corpo da fragrância e a base ficou menos doce. Já a versão Extrait de Parfum conta ainda com notas exuberantes de tuberosa e rosa.

Vamos à composição: flor de lótus, pêssego, mandarina e melão, na saída; Frésia, jasmim d’água, cravo e mirtilos, no corpo; Sândalo, âmbar, baunilha, almíscar, pralinê e um toque de patchouli, no fundo.

Nilang é uma bomba frutal e floral, do tipo que eu não sentia há muito tempo, principalmente, em perfumes lançados na última década. É muito comum vermos fragrâncias femininas mais potentes das famílias chipre e gourmand. As frutais costumam ser mais diurnas e leves. Mas Nilang vai contra tudo isso e é estonteante.

Na primeira vez que testei, imediatamente pensei: “pêssego, pêssego e mais pêssego”. Quando toca a pele, a nuance de pêssego é suculenta e balanceada pelo teor aquático da flor de lótus e do melão. Podia dar tudo errado, mas é perfeito. Então, conforme vai evoluindo, nuances florais de jasmim e frésia se mostram mais presentes e conferem um teor “aveludado” ao perfume.

A projeção é absurda e a evolução é lenta. Quando a gente pensa que não está mais exalando, vem a surpresa: a base se mostra densa e mais amadeirada do que adocicada. Na minha pele, por vezes, me transmite o cheiro de madeira úmida. E para melhorar, possui duração de mais de dez horas.

Sem dúvida, Nilang é uma pedra preciosa em meio aos cristais de Lalique.


 

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𝘽𝙤𝙧𝙧𝙞𝙛𝙖𝙣𝙙𝙤 𝙘𝙤𝙣𝙝𝙚𝙘𝙞𝙢𝙚𝙣𝙩𝙤 𝙝𝙖́ 𝙖𝙣𝙤𝙨. Crítico de fragrâncias, jurado de premiações nacionais nas categorias de perfumaria fina e cosméticos masculinos, além de consultor particular de estilo em fragrâncias e criador do Perfumart, blog especializado no assunto.

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