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VANILLE NOIR, DE SAPIENTIAE

Vanille Noir foi lançado em 2016 e se você acompanhou o post publicado no blog, há pouco tempo, vai entender quando eu abordar a diferença entre a versão original e a atual, já reformulada. Isso porque o perfumista Sanderson Santana identificou que suas criações poderiam ser aprimoradas, não por questões técnicas, como limitações com matéria-prima ou imposições da indústria, mas por puro perfeccionismo.

De acordo com informações oficiais, Vanille Noir possui notas de folhas de cravo, noz-moscada, canela do Ceilão e rosas, na saída. Então, no corpo, chegam as notas de damasco, muguet, pau rosa (também conhecido como Jacarandá) e cedro da Virgínia. Por fim, uma base intensa com notas de Black Agar, couro, tabaco, patchouli da Singapura, absoluto da baunilha de Madagascar, fava tonka e vetiver.

Dito isso, vale reforçar (mais uma vez) que é sempre importante buscar informações oficiais com o fabricante ou a Assessoria de Comunicação da marca. Cada vez mais, os brasileiros buscam informações em sites internacionais. No Fragrantica, por exemplo, estão listados os cravinhos (que nós chamamos de cravo-da-índia), não a folha do cravo (da flor). Em Inglês, faz toda a diferença, pois os cravos (cloves) são os botões das flores, já secos, muito utilizados em culinária. A flor com suas hastes (carnation) são utilizadas para decoração e na lapela de noivos, em alguns países. Ou seja, o certo seria listar Carnation Leaves, não Cloves.

Vamos, então, ao que interessa: Vanille Noir era bom antes, mas sua reformulação melhorou a fragrância, consideravelmente, o que comprova que nem toda reformulação é para o mal. Enquanto a versão original apresentava uma nuance enjoativa, como se fosse um chiclete de tutti-frutti, que exalava muito e escondia a melhor parte (esfumaçada) rente à pele, a versão atual não possui tal nuance. Agora, Vanille Noir toca a pele com o calor da noz-moscada, abrindo caminho para um frutado de damascos, muito bem balanceado pelo teor das madeiras. Ao mesmo tempo, como se estivessem presentes desde o início, as notas de base surgem e explodem, com força total, trazendo um patchouli quase achocolatado (os fãs de A*Men e seus flankers irão gostar), com um aspecto rascante de couro e uma baunilha pungente, estrela principal da criação. Aqui, a baunilha não é cremosa e adocicada. Ela é doce por completo, licorosa e quase queimada.

O perfumista declara que Vanille Noir é oriental-ambarado. Na minha pele, porém, se comportou como um oriental-gourmand, extremamente potente. É um perfume que não evolui muito, mas possui alto poder de projeção e fixação (lembrando que a concentração é Extrato) e que, na minha opinião, não deve ser usado em dias ou noites quentes, pois irá incomodar e, provavelmente, desandar junto com a transpiração excessiva. Contudo, em temperaturas mais baixas faz bonito.

Vanille Noir não é completamente inovador ao meu olfato, mas para quem está apenas acostumado às marcas do mercado de massa e sempre ouviu falar dos tais “perfumes de nicho”, a surpresa será grande. E a apresentação da grife é muito bacana, desde a caixa (com corte eletrônico interno) ao frasco.


 

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𝘽𝙤𝙧𝙧𝙞𝙛𝙖𝙣𝙙𝙤 𝙘𝙤𝙣𝙝𝙚𝙘𝙞𝙢𝙚𝙣𝙩𝙤 𝙝𝙖́ 𝙖𝙣𝙤𝙨. Crítico de fragrâncias, jurado de premiações nacionais nas categorias de perfumaria fina e cosméticos masculinos, além de consultor particular de estilo em fragrâncias e criador do Perfumart, blog especializado no assunto.

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