Uma pesquisa recente aponta que cientistas descobriram uma nova maneira de encapsular moléculas de fragrâncias, a fim de que as essências dos produtos possam durar mais. Trata-se da combinação das emulsificações em massa e microfluídica. Isso significa que os acordes de perfumes de luxo podem, em breve, não mais evaporar tão rapidamente. 🙂
Um dos maiores desafios para os fabricantes, quando se trata de fragrâncias, é que as mesmas são anfifílicas (ou anfipáticas). Isso significa que suas moléculas apresentam a característica de possuírem uma região hidrofílica (solúvel em meio aquoso) e uma região hidrofóbica (insolúvel em água, porém solúvel em lipídios e solventes orgânicos), ou seja, evaporam facilmente a temperaturas normais, o que torna difícil encapsulá-las de uma maneira eficaz.
Existem algumas técnicas tradicionais para se fazer isso, mas os resultados mostram que é difícil reter, de maneira totalmente eficaz, a fragrância em microcápsulas.
De acordo com a publicação de seus trabalhos na revista ACS Applied Materials & Interfaces, alguns pesquisadores tinham como objetivo resolver esta questão, incorporando-se uma emulsão estável de fragrância em água (F/A), que é preparada a partir do processo de emulsificação em massa, dentro de uma microcápsula polimérica, através da emulsificação microfluídica.
Com base no estudo mais aprofundado sobre as propriedades físico-químicas das microcápsulas em relação à saída da fragrância, David A. Weitz e seus colaboradores demonstraram que o aumento da retenção de fragrância pode ser conseguido através de um invólucro polimérico polar, formando uma rede de hidrogel dentro da microcápsula.
Encapsulando desafios
O desafio com a criação de fragrâncias de longa duração é que as moléculas de aroma tendem a ser pequenas e voláteis, o que significa que elas podem se desviar, facilmente, de barreiras. De fato, alguns métodos foram desenvolvidos para impedir que as moléculas de fragrância possam escapar, apressadamente, de uma borrifada de um perfume ou de uma camada de loção, como citado neste processo que torna as moléculas mais lentas, “embalando-as” em microcápsulas.
No entanto, esta técnica pode ser ineficiente e não possui controle para o tamanho, espessura ou estrutura das cápsulas, o que torna sua utilização mais difícil. Os pesquisadores queriam descobrir uma nova estratégia, usando emulsificação microfluídica e em massa, a fim de encapsular fragrâncias. O projeto teve início por meio de fundos oriundos da Procter & Gamble, da National Science Foundation, do Centro de Pesquisa em Ciência dos Materiais e Engenharia de Harvard e da Fundação Nacional de Pesquisa da Coreia.
Para começar, a fim de obter uma mistura homogênea de água e moléculas de α-pineno, encontradas em óleos de pinheiros e alecrim, os pesquisadores os emulsificaram. Através do bombeamento da emulsão para pequenos tubos de vidro microfluídico, foram criadas microcápsulas uniformes. Testes mostraram que as cápsulas diminuíram, com sucesso, a liberação de α-pineno.
Além de seu uso na indústria de fragrâncias, os pesquisadores afirmam que a técnica também pode ter aplicações nos sistemas de medicamentos ou em outras áreas.
*Fonte: Cosmetic Innovation / Imagens: reprodução (Cosmetic Innovation e Pixabay) / Textos editados.
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