Em um estudo recente realizado pela Socialbakers, líder em soluções para a otimização de performance em mídias sociais, os dados analisados demonstraram que apesar do impacto econômico da pandemia, o uso de influenciadores não desapareceu e ainda deve crescer nos próximos meses, com destaque para os segmentos de beleza e cosméticos.
Porém, quando falamos em cosméticos e, principalmente, em perfumes, a má escolha na hora de enviar para alguns influenciadores o convite da próxima festa ou um Press Kit com o último lançamento, baseando-se apenas em números de curtidas e visualizações, pode acabar se tornando uma dor de cabeça.
Quando uma grife apoia, direta ou indiretamente (através de suas assessorias de comunicação), qualquer pessoa que fomente a venda de perfumes em lojas que não compram com suas distribuidoras e/ou importadoras oficiais, ela está prejudicando o seu “sistema de engrenagens”, ou seja, a sua própria cadeia comercial.
Independente de tais revendas trabalharem com produtos originais, o ponto é que esses produtos não passam pelas mesmas etapas de liberação junto aos órgãos fiscalizadores e, por esse motivo, na maioria das vezes são revendidos com preços mais atraentes ao consumidor final. Isso gera uma concorrência desleal, insatisfação dos principais players e dúvidas de procedência. Ou seja, novamente, vemos um problema de fluidez no dito “sistema de engrenagens”. É por causa de situações do tipo, que a reputação de algumas lojas – já bem posicionadas – passa a ser questionada nas redes sociais. E trabalhar retenção de clientes ou má reputação gera ainda mais custos.
Vale lembrar, também, que o consumidor final (especialmente, no mercado de massa) não tem obrigação de entender o longo processo de importação com todas as suas taxas. Ele vai em busca do melhor preço. Já os influenciadores, estes geralmente costumam ser responsabilizados. Mas em um mercado onde só é valorizado quem tem números altos – principalmente para entrar nos mailings –, é perfeitamente compreensível que qualquer ponto de venda que ofereça benefícios para atrair novos seguidores (cupons, sorteios, etc.), seja visto como uma nova oportunidade a ser agarrada com unhas e dentes. E eles o fazem!
No final das contas, a responsabilidade está no topo do processo, que é onde deve ocorrer um “pente fino”, focando em quem joga no mesmo time, valorizando a indústria e evitando que a imagem da sua empresa (ou do seu cliente) fique manchada, como já vimos acontecer.
O famoso ditado que diz: “falem bem ou falem mal, mas falem de mim” já não funciona mais nos dias de hoje. E dependendo do problema, pode ser que não resolva vir a público com uma notinha esclarecendo que irão cortar quaisquer ações com o(a) profissional. O estrago já foi feito!
➡️ Você tem alguma opinião a este respeito ❓ Deixe aí nos comentários.
Imagem: reprodução Pixabay (free image by Gerd Altmann) / Texto: Perfumart
Olá Cassiano, tudo bem?
Achei muito interessante e pertinente essa sua postagem!
Digo isso, pois ultimamente o que tenho visto é um briga acirrada por likes e inscrições, tudo isso para garantir um número opulento de seguidores e dessa forma chancelar o canal e atrair mais empresas para enviar produtos gratuitamente!
O problema é que antigamente não tínhamos vendedores disfarçados de apaixonados por perfumes, mas sim apaixonados genuínos que visavam única e exclusivamente informar aos que tinham desejo sobre fragrâncias.
Acho entristecedor o caminho que alguns influciadores tomaram ao longo dos últimos dez anos…
Definitivamente, a competição entre as lojas que passam por todos os trâmites legais e as que conseguem, de alguma forma, burlar o caminho legal é absolutamente desleal. É evidente que o consumidor final buscará sempre o menor valor final, nesse ponto acho que os influenciadores tem um peso importante, pois ao informar um preço muito menor, cupons de desconto para determinada loja, etc. em função da grande projeção que eles possuem, é case certo de que o seguidores farão a compra sem titubear se o produto tem procedência ou não!
Não vejo, com exceção de você, grandes influenciadores mencionarem quais são as lojas que trabalham com os representantes reais das marcas em nosso país.
Enfim, não vejo com bons olhos o caminho que vem sendo trilhado…talvez devêssemos olhar para trás e, ao invés de likes, pedirmos mais paixão e respeito!
O que acha?
Um grande abraço!
Olá William, tudo bem?
Primeiramente, obrigado pela leitura e feedback.
Acho que o texto fala por si só e representa muito do que penso acerca dessa “indústria dos likes” que você questiona. Mas, como também escrevi, não dá para culpar sempre os(as) influenciadores(as) nessa equação comercial.
Se estão sendo procurados, pura e simplesmente por conta de seus números, pelos representantes das grandes marcas do segmento, então, ninguém pode reclamar quando os consumidores levantarem dúvidas sobre a procedência dos produtos. Afinal de contas, tal influenciador(a) mostrou que recebeu o original “diretamente da marca”. E o fato é que ele(a) não está preocupado(a) com a origem dos produtos vendidos por todas as lojas que fornecem benefícios (até porque, o dele(a) é original).
O problema está numa esfera maior, que me atinge diretamente enquanto alguém que, como você mesmo disse, menciona procedências, defende as lojas sérias e cobra responsabilidade.
Com os últimos exemplos envolvendo influencers de peso em matérias de jornal, passíveis do tal “cancelamento” que está cada vez mais presente nas redes sociais, fica claro que não dá mais para lavar as mãos e fugir da responsabilidade no processo.
Veja este exemplo: uma vez estive em uma festa de lançamento de uma fragrância, para uma grife de peso, e trouxe este assunto à tona, que já começava a me afetar.
A responsável pela área de Com./RP me disse que “estava ciente e que haviam sido vítimas de algo similar há poucas semanas, mesmo após levarem um time de influencers para o exterior”. Mas, mesmo assim, os convites para eventos e os press kits continuariam sendo enviados para este time.
Agora pasme: se eu escrever em uma de minhas resenhas que uma fragrância não possui boa performance, por exemplo, entro na “lista negra” imediatamente e deixo de receber os mesmos convites e kits de lançamentos, sabia? É verdade, pode acreditar!
É aquela história: “não me interessa se você está indicando a loja que compra estoques oficiais comigo ou não. Quem tem que se preocupar com isso é o cliente! Só não pode falar mal do meu produto no seu canal.” 🙁
Por fim, respondendo à sua pergunta, não acho que temos que olhar para trás. Temos que olhar para a frente e mudar o que consumimos e como consumimos, inclusive, nas redes sociais.