Arabian Nights, assim como no caso do perfume Riviera Nights, também foi lançado em 2010 pela casa Jacques Bogart e faz parte da linha “nights”, que visa engarrafar a sensação das noites de algum ponto específico do globo, transportando seu usuário para um lugar de sedução e sensualidade.
Nesta criação, o intuito foi trazer o calor e a opulência das noites árabes, através de uma composição construída por notas de saída de cardamomo, alcarávia (que é da família do cominho) e petitgrain (que é o óleo essencial extraído das folhas verdes de laranjeira). No coração da fragrância, incenso, madeiras nobres, acorde floral e patchouli; na base, almíscar branco, musgo, cedro e vetiver. Há, ainda, quem diga que existe baunilha ou fava tonka no fundo.
Assim como acontece com Bogart Story Red, Arabian Nights possui um cheiro mais pungente, daqueles que assusta logo de cara. No primeiro, o tom é medicinal, enquanto neste aqui, a nuance sintética é mais parecida com algo plastificado. A saída é intensa e incensada e a fragrância não muda muito ao evoluir na pele. A maior parte do tempo gira em torno das notas de coração e, só depois de algumas horas, o almíscar começa a dar o ar da graça. Diferente de Riviera Nights, este aqui não é tão fácil de agradar. Além disso, existem inúmeras comparações entre Arabian Nights e Reflection (perfume de nicho da Amouage). Dizem que Reflection é ainda mais doce, mas que são muito similares. Mas a verdade é que os elitistas de plantão jamais irão admitir tal similaridade (caso ela exista), o que é uma bobeira.
E outra observação que eu faço é sobre as críticas que li com relação ao nome da fragrância, porque não tem OUD na composição e, por isso, não tem nada de árabe. Pura burrice! Os perfumes árabes ficaram famosos, no mundo inteiro, por conta de suas notas exóticas de especiarias e, principalmente, incensos de altíssima qualidade, como é o caso do olíbano. O agarwood não é tão antigo na perfumaria e se tornou uma tendência de alguns anos pra cá. Então, na minha opinião, o nome foi muito bem escolhido para a proposta da fragrância.
O frasco de Arabian NIghts mantém a mesma identidade visual da linha e ambas projeção e longevidade são fantásticas. Dentro da liberdade limitada na criação dos perfumes designer, a grife Bogart conseguiu lançar algo bem próximo dos nichos, guardadas as devidas proporções.