Atenção: se você não gosta de perfumes florais, então é melhor parar por aqui mesmo. Carnal Flower, ao contrário do que muitos pensam, não tem este nome por causa da nota central trabalhada, a tuberosa. O perfume recebeu este nome porque o perfumista Dominique Ropion (criador de inúmeros sucessos de Cacharel, Calvin Klein, Boucheron, Armani, Givenchy, etc.) se inspirou em sua sobrinha, a atriz Candice Bergen que, ao lado de Jack Nicholson, estrelou o filme Carnal Knowledge, em 1971.
O perfume conta com notas de bergamota, melão e essência de eucalipto, na saída; jasmim, ylang-ylang, tuberosa, salicílicos (salycilates – compostos químicos que podem ser do tipo methyl, benzyl, amyl), no corpo da fragrância; absoluto de tuberosa, absoluto de flor de laranjeira, coco e almíscar, na base.
Mas por que razão a tuberosa é a estrela absoluta desta composição? Porque consta que esta fragrância contém o mais alto teor natural de tuberosa já utilizado em qualquer perfume criado até hoje. E como em qualquer perfume floral, balancear as notas é imprescindível, já que existe um limite muito pequeno entre o vulgar e o elegante. Neste caso, é ainda pior, porque a fragrância foi concebida para ser unissex.
Por conta disso, a maneira encontrada para “quebrar” o aspecto feminino da tuberosa, foi utilizar a essência de eucalipto, deixando a fragrância com um efeito mais canforado, assim que atinge a pele. Em seguida, foi necessário explorar a nuance mais fresca da flor e, por isso, o toque de melão.
Mas é claro que o clímax aparece quando as notas de coração surgem. Nesta parte, grandes mudanças podem acontecer. Na pele feminina, há quem perceba a sensualidade do ylang-ylang. Na minha pele, o jasmim reinou soberano, como se a fragrância tivesse sido concebida sobre ele, não sobre a tuberosa. E assim o perfume permaneceu por horas, sem muita evolução. Então, horas depois, um lado mais animálico e cremoso encerrou o ciclo de vida desta flor carnal: era o almíscar branco de mãos dadas com o coco.
A projeção é bem forte durante umas três horas, suavizando com o tempo, mas sempre presente. Quando se pensa que ele não está mais exalando, ele sorri sobre a pele, incansavelmente. E como levou 18 meses para ficar pronto, ele não tem pressa para ir embora, ou seja, permanece na pele de forma irrepreensível.