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BLUE CYPRESS, DE AMBERFIG

Perfumart - resenha do perfume Amberfig - Blue CypressFoi lançado em 2016 e seu nome faz referência óbvia ao cipreste azul. De acordo com a Laszlo – empresa famosa no ramo de óleos essenciais – o cipreste azul (Callitris Intratopica) difere dos demais tipo de ciprestes (Europeu, Lusitano ou Japonês (Hinoki)) porque seu óleo essencial é obtido através da madeira, não das folhas. O processo de destilação também é bastante demorado, a fim de que os azulenos (moléculas sensíveis que dão a cor azul) não se percam sob pressão.

A madeira do cipreste é rica em alfa-pineno, muito encontrado em óleos essenciais de alecrim, eucalipto e coníferas, como os pinheiros e os ciprestes. Para reduzir seus níveis, as madeiras podem ser deixadas expostas ao ar (para que tal composto evapore) ou as primeiras partes destiladas são descartadas. E o resultado é um ingrediente com uma nota amadeirada, cítrica e de olor verde, que também funciona como nota de base em perfumes, pois serve como agente fixador e confere cheiro balsâmico e/ou herbal.

Agora, deixemos de lado as teorias e vamos ao que importa. Blue Cypress conta com notas de lavanda, cipreste europeu, cardamomo e coentro, na saída; Cipreste azul, Tanaceto azul (conhecido como Camomila Marroquina Azul), ylang-ylang, lírios e rosa, no corpo; Almíscar branco, vetiver e ambroxan, na base.

Na pele, a prática não combina com a teoria. Imaginava um perfume floral e amadeirado, com uma saída gelada, como consta na descrição do perfumista. Só pelo fato de ver ylang-ylang na composição, eu já esperava algo diferente e bastante floral. Ainda mais, quando penso nos lírios e na rosa. Mas na minha pele, Blue Cypress se mostrou uma fragrância linear, com jeito de produto de limpeza e sem apelo amadeirado. A impressão que tenho, quando comparo com as demais criações da Amberfig, é de um produto não finalizado, que possui alguma nota de menta gelada (ou eucalipto) e um toque de almíscar, mas que foi envasada antes do tempo. Definitivamente, não me agradou. Como exemplo de perfume amadeirado, que também possui cipreste, transmite uma aura azul e é muito bem finalizado, indico Encre Noire Sport.

Para finalizar, já que esta análise não foi muito positiva, aproveito para deixar a minha opinião sobre a questão visual dos produtos, sem precisar fazer isso em futuras resenhas: adoro o conceito de perfumes envoltos em cetim, dentro de caixas de madeira – desde que tenham aparência natural, como cerejeira, jacarandá ou mogno – a exemplo de Café Massoïa e Smoking Lounge. A partir do momento em que as caixas começaram a vir finalizadas com cores e pinturas que parecem feitas com giz de cera, o conceito de produto de luxo começou a se perder e o investimento passa a ser em vão. E apresentação ainda conta (e muito).


 

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𝘽𝙤𝙧𝙧𝙞𝙛𝙖𝙣𝙙𝙤 𝙘𝙤𝙣𝙝𝙚𝙘𝙞𝙢𝙚𝙣𝙩𝙤 𝙝𝙖́ 𝙖𝙣𝙤𝙨. Crítico de fragrâncias, jurado de premiações nacionais nas categorias de perfumaria fina e cosméticos masculinos, além de consultor particular de estilo em fragrâncias e criador do Perfumart, blog especializado no assunto.

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