O perfume Eau de Rochas foi lançado em 1970, celebrando 50 anos de sucesso em meados de 2020. Neste caso, estou me referindo à versão feminina, que nasceu bem antes da fragrância idealizada para os homens, em 1993.
Quando Eau de Rochas Homme chegou ao mercado, fragrâncias com a mesma assinatura olfativa já existiam, então não representou uma grande inovação na época. Mas era importante para a marca, que a versão masculina estivesse à altura da feminina, que continuava trazendo bons resultados com as vendas, mesmo duas décadas depois de sua criação.
O então perfumista interino de Rochas – Nicolas Mamounas –, que também criou a versão feminina, apostou em um cítrico-aromático mais clássico, que trouxesse a elegância existente na época em que o perfume feminino foi lançado. Voltando no tempo, tínhamos Eau Sauvage (Dior, 1966) e YSL Pour Homme (YSL, 1971), com seus acordes cítricos, corpo floral e base amadeirada. A fórmula era sempre a mesma: muito limão, bergamota, manjericão, verbena, gerânio, musgo e vetiver.
Eau de Rochas Homme não fugiu à regra e trouxe uma composição repleta de ingredientes, bem daquele jeito que se fazia antigamente, ou seja, sem minimalismo. Com notas de limão Siciliano, limão Tahiti, bergamota, verbena, mandarina e manjericão, a saída explosiva ainda recebeu um reforço de aldeídos. No corpo da fragrância, notas de gerânio, frésias, lírio do vale, rosa, jasmim, agulhas de pinheiro, artemísia e coentro. Na base, notas de almíscar e âmbar, sobre um patamar de cedro, musgo de carvalho e vetiver.
Oficialmente, não se falou em reformulação. Mas junto com o repackaging das fragrâncias masculinas, que ocorreu nos anos 2000, alguns ajustes foram realizados em diversas linhas e Eau de Rochas Homme não ficou de fora. Visualmente, não mudou muito, exceto pela tampa. Com relação à fragrância, usuários fiéis desde os anos 90 afirmam que a versão recente não é mais tão musgosa. Entretanto, defendem que ainda continua muito leal à versão original.
Na pele, Eau de Rochas Homme é um deleite de refrescância. Diferente dos outros perfumes da concorrência, este traz mais versatilidade e um toque de jovialidade. A saída explode com um aspecto mais natural e leve, a evolução não é tão adstringente como nas outras fragrâncias citadas e a secagem não parece tão pesada.
Isso significa que deixou de lado o estilo clássico ou, como é chamado popularmente, de “tiozão”? Não. Mas o tio que usa Eau de Rochas Homme é mais jovem, cuida da aparência e acabou de completar seus 40 anos. O que não significa, contudo, que o rapaz de vinte e poucos anos e alma sóbria está proibido de usar esta fragrância, só para deixar bem claro.
Obviamente, com tantas notas voláteis, Eau de Rochas Homme não é o melhor exemplo de rastro e longevidade. Mas é, ainda, uma das melhores opções disponíveis para dias de calor, se você é aquele tipo de usuário que não se dá bem com nuances de melancia, acorde ozônico ou efeito saponáceo.
Mais do que um cítrico-aromático, este perfume possui uma aura chipre que faz toda diferença. Particularmente, sinto um cheiro de limonada fresca, levemente adoçada e sem qualquer faceta azeda. É um perfume limpo, fresco, elegante (sem precisar tomar aulas de etiqueta) e com apelo revigorante.
É claro que só posso falar por mim, mas se você gosta desse tipo de fragrância, acredito que não irá mais ficar sem um frasco depois que conhecer esta aqui.
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