Christian Dior era fascinado por velejar. E nesse estilo de vida livre e refinado, se inspirou para conceber algumas de suas criações. A coleção “Les Escales de Dior” (conhecida por Cruise Collection, em Inglês) representa o seu alter ego na perfumaria. São fragrâncias leves e luminosas, elaboradas a partir de matérias-primas naturais, que são obtidas em cada destino correspondente.
Para manter o compromisso da empresa em oferecer produtos de qualidade, François Demachy, perfumista da Dior, viajou para os destinos a fim de selecionar os ingredientes necessários para desenvolver tais perfumes.
Escale à Pondichéry presta homenagem à “Puducherry”, como é chamado o território situado no sul da Índia e que foi capital da Índia Francesa até o Tratado da Cessão de Territórios, em 1956. A Dior sempre teve uma relação de carinho pela Índia, pois um dos grandes marcos da grife ocorreu em 1962, quando suas principais modelos pisaram no país para apresentar sua coleção Primavera-Verão em um grande palácio de Mumbai (como era chamada Bombaim).
O perfume Escale à Pondichéry foi lançado em meados de 2009, após Escale à Portofino (2008) com seu perfil italiano. Mais tarde vieram Escale Aux Marquises (2010) e Escale à Parati (2012). Sua fragrância abre com extrato de chá preto sobre notas de cardamomo verde e absoluto de jasmim Sambac, no coração. Na base, essência de sândalo indiano. A composição parece simples, mas o resultado é rebuscado.
Na pele, Escale à Pondichéry traz todas as nuances do chá preto, ingrediente importante para a economia da Índia e conhecido por nós, brasileiros, como um bom chá para emagrecimento. E por todas as nuances me refiro às facetas cítricas, amadeiradas, quentes e canforadas que podem ser percebidas de acordo com a evolução, temperatura e química da pele. Essa nota de chá preto combina bastante com o cardamomo e seu cheiro picante, ingrediente indispensável na culinária local.
Conforme evolui, a fragrância ganha tons mais verdes e um belo perfume de jasmim, cheio de frescor e conceito espiritual. Nesse estágio, não é difícil pensar em bergamota ou laranja como ingredientes secretos da pirâmide olfativa. No fundo, o sândalo carrega uma de suas nuances menos exploradas pela perfumaria, que é a de madeira verde, com seus talos e folhas cheios de frescor.
Escale à Pondichéry é um perfume classificado como aromático, mas se comporta como um floral-aromático de nuances cítricas. É refrescante, fácil de usar e de agradar, mas não é marcante. Pode ser usado como assinatura, mas não é o tipo de perfume que vejo as pessoas repondo em suas coleções pessoais. E isso se dá pelo fato de que a relação custo-benefício não é boa, uma vez que o valor cobrado é alto e a fragrância não possui boa durabilidade.
Para encerrar, o frasco possui o padrão Cannage – simbolizando a trama de vime dourado que forrava as cadeiras utilizadas por Christian Dior no seu primeiro desfile, em 1947, e que continua inspirando itens de luxo como carteiras, bolsas, etc.
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