O perfume Joy foi lançado em agosto de 2018 e seu lançamento foi recebido com grande impacto e algumas dúvidas, especialmente, na mídia brasileira. Isso porque, alguns blogs e páginas especializadas em beleza divulgaram que “Joy seria o mais novo perfume da grife após 19 anos sem lançar fragrâncias”. Imediatamente, fãs da marca e colecionadores começaram a questionar o assunto nas redes sociais e a curiosidade sobre o novo perfume acabou sendo ainda maior, aumentando a propaganda.
E a verdade é que nem sempre menos é mais! Às vezes, querer ser sucinto demais em um título pode causar interpretações erradas. A Dior jamais ficaria 19 anos sem lançar perfumes. Há um custo imenso para manter um perfumista dedicado, bem como contratos com fornecedores de matérias-primas de qualidade. Nesses 19 anos, a grife lançou Poison Girl (e seus flankers), Sauvage (e seus flankers), Miss Dior 2017, etc. Joy é, na verdade, uma nova fragrância feminina, nascida de um novo conceito, gerando um novo pilar, ou seja, não é uma variação (flanker). E isso não acontecia, na divisão feminina, desde o lançamento de J’adore, em 1999.
A fragrância de Joy foi concebida para transmitir a alegria que dá nome ao produto. O perfumista François Demachy teve acesso ao nome, desde o início do processo, e isso o ajudou a trilhar um caminho olfativo. O rosto da campanha – a atriz Jennifer Lawrence – também estava pré-definido e dizem que ela visitou o laboratório da Maison durante o desenvolvimento da fragrância, incentivando alguns acordes.
Joy possui notas de bergamota e mandarina, que são realçadas por aldeídos, no topo da pirâmide olfativa. Em seguida, o corpo floral é uma explosão de rosas de Grasse, através do uso do óleo essencial e, também, do seu absoluto, em conjunto com o delicioso e indólico jasmim. A base traz a cremosidade do sândalo, a leveza do cedro e a profundidade do patchouli, enlaçados por almíscares.
Confesso que levei um pouco mais de tempo para publicar esta resenha, porque queria ver o que as pessoas iriam comentar a respeito. Poucas marcas despertam sentimentos tão dúbios quanto a Dior. De um lado, tem aquele pessoal que ganha os produtos, não conhece muito de perfumaria, mas se rasga em elogios para continuar no mailing da empresa; do outro, tem os que não entraram no radar da marca e não descansam até conseguir um frasco com lojas parceiras. Porém, normalmente, esses são os que mais criticam, pelo simples prazer de criticar mesmo. Moral da história: ser imparcial dá trabalho (e custa alguns convites para eventos), mas ainda é o caminho mais profissional e ético, na minha opinião.
Dito isso, vamos falar de Joy! O perfume é um floral-amadeirado-almiscarado, com uma saída radiante e capaz de transmitir o que a fragrância propõe: alegria. E isso só ocorre porque temos uma deliciosa mandarina, bem suculenta, que se funde com o jasmim de uma maneira formidável.
Antes de testar o perfume na minha pele, pensei que as facetas da rosa seriam muito mais presentes, mas me enganei. Joy se comporta mais como um perfume frutal-floral-almiscarado, com um jasmim bastante luminoso, servindo como elo de ligação entre o topo e a base da pirâmide olfativa, entregando suas nuances mais frescas e pulverulentas, que se tornam mais perceptíveis no decorrer da evolução. A rosa está lá, com suas nuances mais ardidas e límpidas. Não espere um teor metalizado, porque não existe nesta fragrância.
A evolução não é tão rápida como parece, embora uma cremosidade surja, repentinamente, deixando a fragrância um pouco mais madura e leitosa. É o sândalo! Para encerrar, os almíscares dão uma levantada no astral, trazendo um cheiro extra de limpeza e uma sensação de “segunda pele”, reforçando o aspecto floral-atalcado, bem de leve (calma, não é um Chanel Nº5!).
Muito foi dito sobre Joy. Há quem acredite que foi a resposta comercial da Dior para Gabrielle, de Chanel; mulheres do mundo inteiro o comparam com Allure EDT, também de Chanel. Eu mesmo senti nuances semelhantes com as de Coco Mademoiselle EDT (mais uma vez, de Chanel). E a questão envolvendo este perfume e várias de suas críticas é, justamente, o fato de não ser inovador. Você irá identificar facetas que existem em dezenas de outras criações do mercado, inclusive da própria grife, como nos inúmeros flankers de Miss Dior ou na saída floral-cítrica do maravilhoso Pure Poison.
O frasco repete o padrão visual do masculino Sauvage, sendo que mais alongado e transparente, com acabamentos prateados. A tampa traz um lindo arremate que lembra um fio de prata enrolado e fechamento magnético.
Então, qual é a minha opinião sobre Joy? Sinceramente, acho que é um perfume altamente comercial e de qualidade, embora nada inovador. Mas confesso que fiquei alegre com o resultado (sem trocadilhos), pois me parece que a Dior está querendo voltar a ser vista como uma grife que faz perfumes para se tornarem assinaturas, como acontecia no passado, inclusive com o próprio J’adore.
Nos últimos anos, o posicionamento como marca de prestígio distanciou um pouco a consumidora das prateleiras, como se seus produtos só pudessem ser usados em ocasiões especiais. E para esse fim, existem fragrâncias mais sóbrias, sensuais e opulentas, sem contar a coleção exclusiva (La Collection Privée), que é um capítulo à parte. Joy põe fim à saga da baunilha e do patchouli doce (Ethyl Maltol) e traz uma fragrância de alta aceitação e versatilidade, além de ótima duração na pele, e que combina com qualquer ocasião.
Moral da história: Joy é como um filme de comédia romântica – muita gente critica, dizem que a história é a mesma, mas os ingressos estão sempre esgotados.
Cassiano, qual perfume você indica com duração prolongada para dia a dia , para o trabalho , amoo o J’adore , mas quero mudar pra um que seja bem presente e marcante ,mas que não seja aquele enjoativo sabe?!
Lídia, o que é enjoativo para você pode ser bom pra mim. Eu imagino que você esteja se referindo ao cheiro muito doce, certo?
Então, não te indicaria Poison Girl nunca, por exemplo!
Se estivermos falando apenas de Dior, o próprio Miss Dior é marcante, bem como o Poison tradicional.
Como eu o conheço e admiro muito o seu trabalho que não é de hoje, me presenteei com esse perfume e estou encantada por ser um floral , já que sempre amei os masculinos e me sinto um ser super evoluído em escolher um floral frutado rs. Obrigada pela clareza e riqueza em detalhes que fazem total diferença na hora de escolher um bom perfume. Parabéns 👏🏻😘
Marianaaaaaa (rindo alto), que saudades de você!
E que alegria em ler esse seu feedback aqui no meu blog. Te amo mais do que café da Nespresso! 😉
Não entendo muito de perfume, comprei esse quando fui a Paris por já ter usado outros perfumes da Dior e ter amado, mas achei que pecou na durabilidade. Ele some muito rápido. Não comprarei novamente.
Parabéns Cassiano! Eu não sou de procurar perfume feminino (não que eu tenho problemas com isso, só questão de gosto mesmo kk), mas essa resenha tive o prazer de parar e ler! 😁
Opa, que bacana esse relato Renan. Muito obrigado!
Moral da história do Joy é exatamente isso! Eu amei! Uso quando não quero pensar muito no que vou vestir ou para onde vou, achei um perfume muito versátil! Adorei as suas impressões 👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼
Obrigado. 🙂