O perfume Luna foi lançado em 2016, uma década após o lançamento de sua cara metade, Nina. Faz parte da coleção “Les Belles de Nina” e conta a história de amigas inseparáveis, vividas por duas modelos reais: Frida Gustavsson and Jac Jagaciak. A inspiração continua sendo o universo das jovens, com suas tentações, risos e emoções.
O frasco também segue o padrão das maçãs de Nina, mas ganhou formato mais marcante, com uma tira de couro ao redor do pescoço e folhas douradas que trazem um borrifador interno, muito mais bonito e moderno. Minha única crítica fica para a cor azul, que não representa – em nada – a cor da fragrância e o que ela transmite. Em se tratando de maçãs como fruto proibido e design dos frascos, enquanto Nina possui um formato mais parecido com os tipos Fuji e Gala, Luna se parece mais com as do tipo McIntosh e Cortland. E já que citei a cor, seria muito mais coerente se viesse em tons de amarelo e laranja, existentes na natureza e compatíveis com o aroma.
A composição oficial de Luna carrega notas de saída de flor de laranjeira e frutos silvestres, antecipando uma explosão de sempre-vivas (immortelle) e caramelo, no corpo da fragrância, sobre uma base de baunilha de Madagascar e sândalo. A grife o define como floral-amadeirado tentador. Na minha opinião, é um floral gourmand complexo e até inovador.
Ao tocar a pele, Luna já se mostra um perfume muito mais noturno do que Nina. Há um frescor floral, proveniente da flor de laranjeira, que vem para mascarar todo o dulçor que está por vir. As frutas silvestres não apresentam qualquer traço de um acorde de frutas vermelhas, caso você tenha medo desse tipo de ingrediente. Entretanto, como eu disse, a flor de laranjeira é o que se nota, de imediato, até o momento em que o coração da fragrância começa a bater. Então, toda a potência da flor imortal (immortelle) se faz presente, com seu cheiro melado e floral intenso, mergulhada em uma calda de caramelo.
Definitivamente, há um lado maduro nesse estágio, que me faz entender que a mulher Luna pode até ser a melhor amiga da mulher Nina, mas a experiência de vida é outra. E para terminar, surge um cheiro de baunilha cremosa, como em biscoitos assados ou creme de confeiteiro, que segura a evolução por horas, até o ponto em que o perfume se perde um pouco e faz lembrar de vários outros à venda no mercado, com aquele cheiro de patchouli doce/açúcar queimado.
Enquanto Nina, com seu cheiro de caipirinha de maçã, pode ser usado mesmo em dias um pouco mais quentes, Luna é o tipo de perfume ideal para dias mais frios. Pode até parecer mais do mesmo, mas só parece. Para um produto lançado em 2016, quando tudo parecia igual e feito com notas de baunilha e patchouli, este perfume me surpreende pela originalidade de terem usado uma flor difícil de ser trabalhada e com olor inebriante. Mesmo hoje, em 2018, noto uma abordagem mais atual e me espanto com algumas críticas que li a respeito.
Particularmente, sinto um estilo criativo mais elaborado – belo trabalho conjunto de Christophe Raynaud e Marie Salamagne – ao ponto de dizer que se esta fragrância estivesse em um frasco de coleções exclusivas da Guerlain ou de alguma casa do mercado de nichos, ninguém ousaria imaginar uma maçã de Nina Ricci.
Agora, a pergunta que não quer calar: por que azul?
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Cassiano, então esse perfume entrou para o rol dos docinhos abaunilhados e gourmand?? Eu amo o Nina tradicional !!!!
Eu diria floral-gourmand 😉