Monsieur Rochas foi criado por Guy Robert em 1968. A primeira fragrância foi concebida em concentração Eau de Toilette e, um ano mais tarde, versões Eau de Cologne e Eau de Toilette Concentrée foram lançadas.
A linha também contava com pós-barba e sabonetes, os primeiros frascos eram sem válvula spray e o slogan da campanha publicitária dizia: “Criado para deixar um homem com cheiro de homem”. Definitivamente, vivia-se uma outra época.
Os frascos traziam relevos no vidro, acabamentos em tons castanhos, passaram por repackaging, ganharam spray e, nos anos 2000, veio um padrão visual totalmente diferente para as linhas masculinas, como mostra a foto acima.
A fragrância, de assinatura tradicional chipre e caminho olfativo fougère, foi a mãe de tantas outras que vieram depois, trazendo uma base acourada que marcou época. Em Monsieur Rochas, acordes quentes e especiados, além de madeiras e couro, formam um perfume clássico. Para mim, um oriental-fougère.
A fragrância da versão Eau de Toilette trazia, originalmente, notas de camomila, limão, bergamota, sálvia e lavanda, no topo. Em seguida, notas de gerânio, cravo (a flor), cedro, gálbano, cardamomo verde e vetiver, no coração. Por fim, a base continha notas de almíscar, fava tonka, musgo de carvalho, patchouli, liatris e couro.
Como já senti milhares de fragrâncias durante a minha vida, se experimentei alguma das versões mais antigas, sinceramente não me lembro. Mas esta, produzida em 2010, carrega o mesmo estilo clássico (old school), porém, sem a mesma personalidade. Obviamente reformulada, por causa das imposições da indústria, não entrega mais a mesma qualidade musgosa, tampouco, o aspecto picante e amargo de antes, que sempre foi tão elogiado. Mas ainda continua uma bela fragrância!
Na minha pele, Monsieur Rochas (2010) chega arrancando a gravata apertada, dando um pouco de respiro à parte superior do torso, naquela junção entre o peitoral e o pescoço, onde os pelos masculinos começam a aparecer pela camisa. Muita bergamota, limão e sálvia estão presentes nesta etapa, trazendo um frescor azedo e bem próximo ao cheiro das cascas, de quando as frutas já foram colhidas há alguns dias. Então, um corpo verde e picante – bastante aromático – pula na sua face, sem pedir licença, e reforça o estilo clássico (para não dizer, datado) do homem representado pelo perfumista quando criou esta fragrância.
Mas Monsieur Rochas deve o seu legado ao que surge no final da evolução, quando muita cumarina se funde com o patchouli, criando um acorde forte de tabaco, que ganha uma pungência animálica, graças ao couro e ao musgo.
Nesta versão que possuo, a projeção é forte na primeira hora e depois acalma, deixando um traço de sobriedade e elegância que não combina com pessoas de postura muito jovial, mesmo que de idade mais avançada. Possui boa fixação, sempre se mantendo por mais de sete horas.
Os homens que não chegaram a conhecer este perfume, mas tiveram contato direto ou indireto (através do pai, tios, etc.) com fragrâncias como Pierre Cardin Pour Monsieur (1972) ou Jovan Sex Appeal (1975), já podem imaginar como Monsieur Rochas se desenvolve sobre a pele. Infelizmente, faz parte da lista de clássicos masculinos descontinuados, mas ainda há quem encontre à venda, principalmente, online.
Monsieur Rochas é para quem interpreta o clássico não como algo velho, mas no sentido de erudito, íntegro.
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