Moustache Eau de Parfum foi lançado em 2018, mas há 69 anos atrás, o primeiro perfume masculino da grife Rochas era lançado. Foi lá, em 1949, que nasceu Moustache Eau de Toilette Concentrée, juntamente com a versão Eau de Cologne, além de produtos para antes e depois do barbear, sabonetes e frascos com válvulas de spray.
A linha foi criada pelo casal Edmond e Thérèse Roudnitska. Nos registros da perfumaria mundial, é sabido que o nome foi escolhido a partir do retrato do Rei Carlos I da Inglaterra, Escócia e Irlanda, pintado por Van Dyck. O que só foi descoberto anos mais tarde, foi dito por seu filho e também perfumista de renome, Michel Roudnistka. Ele conta que sua mãe se inspirou no cheiro do couro cabeludo masculino para criar o acorde principal. Então, seu pai finalizou a fragrância, de aspecto aromático-fougére, e deu vida àquela que foi considerada par perfeito para o perfume Femme (1944).
Em 2018, dois perfumes foram relançados pela empresa: Moustache Eau de Parfum, do qual trata esta análise, e Moustache Original 1949 Eau de Toilette, que não foi trazido para o mercado brasileiro. Enquanto este último buscou retomar as origens, trazendo uma composição de acordes cítricos e marcantes, com estilo clássico, o outro deu vida à uma nova fragrância, muito mais contemporânea e sem qualquer ligação com o DNA da linha.
Moustache Eau de Parfum não conversa com o homem que cultivava bigodes no passado. E isso fica bem claro, só de olhar para as imagens da campanha publicitária, que traz o perfil estético da atualidade, onde sensualidade e mistério estão presentes em corpos tatuados, barbas desenhadas e cabelos estilosos. Quem imaginaria, no final dos anos 40, que um homem teria cabelos compridos a ponto de prender com um coque?
A fragrância foi criada pela perfumista Natalie Gracia-Cetto e possui notas de tangerina e pimenta rosa, que abrem caminho para as notas centrais de cedro do Atlas e rosa Búlgara e secam sobre uma base de patchouli, benjoim e baunilha.
Na pele, Moustache Eau de Parfum se comporta de maneira oriental-amadeirada, com saída suculenta, porém não muito cítrica, mas adocicada. Por incrível que pareça, a rosa não ofusca a beleza do cedro, que dá o tom de leveza, sem deixar que a fragrância ganhe facetas mais femininas. O benjoim dá o toque de refinamento, trazendo o calor da família oriental, e se une ao patchouli, que não é terroso, tampouco doce demais. Aqui, ele dá um pouco mais de acabamento ao lado lenhoso da fragrância.
Moustache Eau de Parfum surpreende pela qualidade e simplicidade com a qual tudo parece ter sido feito. Não faz uso de ingredientes de perfil alcoólico, como conhaque ou rum, não forçou a barra com madeiras pesadas e não fez uso de ingredientes mais comuns, como âmbar e canela, por exemplo. Ainda assim, o resultado é extremamente prazeroso e, de certa forma, sofisticado. Não é uma bomba perfumada, daquelas que anunciam a chegada, mas exala com elegância e possui ótima durabilidade. E apesar do caminho oriental e do que o mercado vem experimentando nos últimos tempos, este perfume não faz o estilo baladeiro e, verdade seja dita, pode ser usado durante o dia sem problema.
A beleza do frasco vem do passado, pois ambos os lançamentos de 2018 repetem o padrão visual das versões Splash (sem spray) de antigamente. Esta vem com a tampa em tons de bronze e a outra na cor dourada. Passando por uma loja, indico conhecer.
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