Scandal foi a primeira fragrância de Jean Paul Gaultier lançada após o licenciamento de seus produtos ter passado para as mãos da gigante PUIG. Deu início a uma nova estratégia interna e, também, a um novo pilar dentro da linha de fragrâncias femininas JPG. Foi anunciada em junho, para o mercado da França, chegou em julho em outros países da Europa e começou a cobrir os países da América Latina e Oriente Médio desde outubro.
O conceito irreverente tem tudo a ver com a imagem de Jean Paul Gaultier no mercado. Afinal de contas, ele já fez modelos masculinos vestirem saias, ignorou barreiras de gênero, enalteceu marinheiros através de uma das fragrâncias mais vendidas em todo o mundo e deu seios cônicos para Madonna. Poucos fazem um escândalo como ele.
Desta vez, a fragrância retrata a vida de Madame La Ministre, uma jovem mulher que não abre mão de seu prazer em detrimento de seus afazeres políticos. Ela gosta da exposição e das redes sociais. Ela é do tipo que prepara um suco de laranja-sangue pela manhã e não bebe, mas publica a foto em seu Instagram do mesmo jeito, só para manter as aparências.
A fragrância de Scandal foi criada por Daphné Bugey em cocriação com Fabrice Pellegrin e Christophe Raynaud. Daphné já criou fragrâncias para L’Artisan Parfumeur, Kenzo, etc. e foi a responsável pelos últimos lançamentos da grife JPG, como Classique Essence de Parfum e Classique Betty Boop (relançada em edição limitada como Wonder Woman). A composição trouxe o mel como estrela principal, envolto por notas de gardênia e laranja-sangue (no topo) e patchouli (na base).
Na pele, Scandal não evolui muito e parece um mel aquecido sobre um cesto de laranjas deixadas ao sol. A gardênia é o ingrediente que confere maior elegância e o patchouli segue as tendências atuais de perfumes gourmands, que exploram seu lado mais adocicado. De vez em quando, sinto um lado muito sintético, como se fosse um xarope infantil. Ao mesmo tempo, ainda que pareça contraditório, adoro a mistura da gardênia com o mel sobre a pele.
Scandal também trouxe de volta a fama da grife no quesito potência. Esse perfume dura mais de 15 horas na minha pele e não muda o tom. É como uma música reproduzida no volume máximo, a noite inteira, até que alguém diminui o volume, ficando mais suave, mas sem alterar a melodia.
Comparações abundam, mas parece que ninguém percebeu um ponto interessante nessa história: se Fleur du Male tivesse sido lançado em um duo, Scandal seria a sua versão feminina, com toda certeza!
Por fim, vamos conversar sobre o frasco. O formato cilíndrico e o vidro pesado são atraentes. A tampa em formato de pernas é brega mas, ao mesmo tempo, inusitada. Porém, seu estilo pin-up não corresponde à campanha publicitária e confesso que adoraria ter visto algo voltado para esse estilo de mulher sensual, quase erótica, mas com cara de inocente.
Jean Paul Gaultier nos deu bustos por anos. Agora é a vez das pernas!
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