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SILKY WOODS, DE GOLDFIELD & BANKS AUSTRALIA

Perfumart - resenha do perfume Goldfield&Banks - Silky Woods

Silky Woods foi lançado em abril de 2021 e sua fragrância foi criada pelo perfumista Hamid Merati-Kashani (Firmenich). A inspiração veio da história que fala da primeira visita do botânico Joseph Banks à Austrália, em 1770. Lá ele descobriu plantas e ingredientes exóticos, até então desconhecidos pela ciência.

Silky Woods inaugura um novo pilar, uma nova Coleção Exclusiva chamada Botanical Series, trazendo para o mercado mundial uma criação que explora a madeira de Agar, além de outras espécies de madeiras preciosas da Austrália, como o sândalo Spicatum, por exemplo. Mas não se deixe enganar: não se trata apenas de “mais uma fragrância com OUD” e sim, uma composição que faz uso das árvores do tipo Aquilaria da floresta tropical Daintree, em Queensland, que são exploradas através de métodos sustentáveis (palavra-chave do cenário atual). De acordo com seu fundador, é o primeiro perfume do mercado a explorar o agarwood australiano.

Silky Woods é classificado, pela empresa, como um perfume oriental-gourmand, cheio de exuberância e sensualidade, capaz de carregar tons de madeiras macias e sedosas desde o nascer até o pôr do sol. Para tal, foram combinadas notas de canela do Ceilão, açafrão, camurça, OUD australiano, ylang-ylang do Madagascar, jasmim, baunilha do Tahiti, folhas de tabaco, olíbano e sândalo australiano.

Silky Woods traz aquele tipo de fragrância que toda coleção de luxo precisa (e deve) ter. Ao mesmo tempo, acredito que alguns irão dizer que não é inovadora, mas eu discordo! A Goldfield & Banks não tinha nada parecido em seu portfólio, sem falar no frasco, que foi criado pelos mestres vidreiros de La Glass Vallée (França) e vem laqueado em ouro, como forma de tributo à Corrida do Ouro australiana. O que se pode dizer é que a marca, agora, possui uma fragrância à altura da concorrência (segmento de nicho) quando a intenção é explorar o calor do âmbar e do incenso, sem precisar apelar para aquele velho conceito de deserto e das noites árabes.

Na minha pele, Silky Woods é um deleite de camurça embebida em uma baunilha floral e cremosa, salpicada por um açafrão picante e uma canela que brinca entre o doce e o salgado. Um oriental (apesar deste termo estar sendo banido) de pura qualidade, com folhas de tabaco balsâmicas e aromáticas, que enaltecem o espírito masculino da fragrância, enquanto a flor do ylang-ylang defende o feminismo e a igualdade de direitos. Impiedosa e opulenta, combina muito bem com a nota exótica de baunilha e, juntas, mostram delicadeza e sensualidade.

Seu OUD não tem aquelas nuances medicinais, tampouco amadeiradas e sombrias em excesso. Em mim, realçaram os tons mais adocicados, quase achocolatados. Por fim, um sândalo cremoso e um incenso levemente esfumaçado exalam, como um suspiro quente entre duas bocas apaixonadas e ofegantes.

Silky Woods me faz acreditar que há, ainda, bons motivos para continuar apaixonado pelo universo dos perfumes. É uma ode às fragrâncias que fazem uso de boas matérias-primas, especialmente, de uma baunilha cremosa e de qualidade, diferente dessas sintéticas e cheias de aspecto de xarope que abundam na atualidade. Sem esquecer da alta concentração, que resulta em grande projeção e excelente durabilidade.

Sem dúvidas, já se tornou um dos meus favoritos da casa. E se você é um daqueles brasileiros que vão em busca de novidades, inclusive fora do país, indico fortemente considerar as fragrâncias da Goldfield & Banks Australia. Mal posso esperar pelas próximas fragrâncias dessa Coleção!


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BORRIFANDO CONHECIMENTO HÁ ANOS. Crítico de fragrâncias, jurado de premiações nacionais nas categorias de perfumaria fina e cosméticos masculinos, além de consultor particular de estilo em fragrâncias e criador do Perfumart, maior blog especializado no assunto.

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