Em 2013 estive em Buenos Aires, na Argentina, quando pude conhecer a marca de nichos Fueguia 1833, pouco antes de resolver criar e lançar o Perfumart. Agora, dois anos depois, resolvi voltar com a minha família para umas férias rápidas (já que o Dólar e o Euro estão impraticáveis, fora o preço das passagens aéreas + taxas). Mas o que será que mudou de lá pra cá?
Bem, antes de mais nada, embora o nosso foco seja o mundo das fragrâncias e não os bastidores de quem escreve sobre viagens e turismo, peço licença aos meus leitores para falar um pouco desse lugar, que continua me conquistando a cada dia.
Esta foi a minha terceira visita à Buenos Aires e o encanto continua. A cidade é um charme e o clima é delicioso (nesta época, é possível pegar dias de sol com temperaturas abaixo de 8°C e sensação térmica de 3°C, podendo até chegar a -1°C pela manhã e no final do dia). Além disso, não é à toa que a consideram “a Europa da América do Sul”, pois as pessoas se vestem melhor, há lojas de cafés requintados em cada esquina, a cultura é muito forte – com dançarinos de tango pelas ruas – e a arquitetura mistura o clássico com o moderno, através de seus casarões (que hoje abrigam as Embaixadas, como a brasileira na foto acima), suas igrejas e suas construções. E o melhor: é raro ver algo sujo ou com pichações.
Táxi também é algo que se multiplica por lá. Eles rodam a noite inteira! E a comida? Bem, embora também estejam passando por uma crise, que faz com que todos eles reclamem e demonstrem sua insatisfação com a atual Presidente (assim como nós), os serviços continuam os mesmos e não há modificação em pratos de restaurantes clássicos. Comprovei esta teoria, voltando em restaurantes que já estive antes e tudo veio igual. Ou seja, mesmo com a crise, o comerciante de lá não diminui o tamanho da refeição ou vende carne de segunda no lugar do filé mignon. Até porque, como se sabe, na Argentina carne é coisa séria, assim como o doce de leite.
Para quem esteve lá antes e retornou há pouco tempo, fica claro o aumento dos preços, de forma geral. Mas para um carioca, como eu, que hoje vive em São Paulo, eu ainda digo: vale muito a pena! No Rio de Janeiro, que é muito lindo (na orla), uma água de coco é vendida ao turista por um valor mais caro do que uma tradicional empanada em Buenos Aires, que alimenta, é recheada e requer preparo. Eu paguei R$5 por cada empanada que comi desta vez! Sem contar no risoto ou na massa com lagostins, que custou menos de R$25 e trazia 15 unidades nada modestas. No RJ ou em SP, não se paga menos de R$50 por um prato similar, com camarões que precisam de lupa para serem encontrados.
Faltou falar dos artigos de couro, né? Pois é, antigamente, todo mundo dizia que Buenos Aires era ótimo para comprar produtos de couro, como sapatos, botas, bolsas, casacos, etc. Não é mais assim. Uma bolsa no estilo “carteiro” toda de couro custa mais de R$250,00. É caro! Mais caro ainda se paga por uma bolsa maior ou mala de viagem. Os sapatos masculinos por lá são bem bonitos, mas os femininos não chamam a atenção. Porém, nem tudo está perdido. É possível fazer uma jaqueta sob medida e customizada, no modelo que você escolher, na cor que você quiser, por cerca de R$500. Este é, praticamente, o mesmo preço que se paga numa jaqueta de couro sintético na Zara, que só serve em quem tem corpo de passarela.
Outra coisa que preciso elogiar é a sensação de segurança. Em todas as vezes que estive lá, mesmo com relatos e avisos de que a cidade vem se tornando mais violenta a cada ano, ainda assim, é possível andar com a câmera fotográfica em punho, sem muito estado de alerta. E vou além: há muitos turistas solitários carregando câmeras enormes, com suas lentes profissionais, sem nenhum receio. E aí, mais uma vez, não tem como deixar passar em branco outra comparação: morei por quase 2 anos a uma quadra da praia mais famosa do mundo (Copacabana) e, durante este tempo, corria na orla todas as noites. Diversas foram as vezes em que testemunhei assaltos a cidadãos e turistas, como algo normal. Em uma dessas ocasiões, vi uma mulher sendo arrastada no chão, enquanto pivetes tentavam roubar sua câmera fotográfica. Ou seja, há controvérsias na frase da canção que diz: “O Rio de Janeiro continua lindo”.
E não é só isso: com toda esta crise, o nosso dinheiro ainda é valorizado na Argentina. O câmbio é bom, sem contar que a maioria dos estabelecimentos aceita o pagamento em Real. Para vocês terem uma ideia, a maioria das perfumarias (de marcas de designer) estava pagando 4,5 pesos por cada Real. Há dois anos atrás, me lembro que a média era de 3,7 para cada Real pago.
Pronto! Com isso dito, chegamos ao que realmente nos interessa: perfumes, experimentos, valores, novidades, etc.
Para início de conversa, quem viaja para outro País sabe que o Free Shop sempre oferece produtos com preços similares aos praticados nos Estados Unidos e Europa. Não é à toa que a moeda oficial é sempre o Dólar. O local é um verdadeiro paraíso para quem adora experimentar muitas fragrâncias, conhecer lançamentos, se jogar nos cosméticos, comprar bebidas e experimentar óculos de sol. Sem contar nas promoções constantes de chocolates de procedência Suíça. Uma tentação!
E como agir num lugar enlouquecedor desses? É simples, mas requer controle dos mais ansiosos. A matemática é fácil: em geral, você passa por duas unidades na ida e pelas mesmas na volta ao seu País de origem. Então, tenha bloco e caneta na mão e anote todos os valores e opiniões, para comparar nas demais lojas da rede e, sobretudo, no País de destino. Mesmo nas lojas do Free Shop, é comum haver variações de um País para o outro.
Abaixo, minha lista de preços do aeroporto de Guarulhos (em Dólares):
- CH Africa Men – 75,00 (100ml)
- Armani Eau de Nuit – 91,00 (50ml)
- Black Opium – 99,00 (90ml)
- Minotaure – 74,00 (75ml)
- Olympea – 99,00 (80ml)
- D&G pour Homme Intenso – 77,00 (75ml)
- The Brilliant Game – 58,00 (60ml) / 72,00 (100ml)
- Nuit d’Issey Austral Expedition – 96,00 (125ml)
- Kenzo Homme Night – 46,00 (50ml)
- Diesel Only The Brave Wild – 83,00 (125ml)
- Linha Essence Ferrari (Musk / Cedar / Vetiver) – 103,00 (100ml)
- Eau Sauvage Parfum – 105,00 (100ml)
- Eau Sauvage Extreme – 97,00 (100ml)
- Dior Homme Parfum – 111,00 (75ml)
E antes que me perguntem qual foi o melhor que eu experimentei, eu me adianto: não dá para fazer uma análise do que é realmente bom ou ruim, baseado nas fitinhas olfativas e na correria para não perder o voo. Eu cheirei tantas fragrâncias diferentes, que só deu para listar o que realmente se destacou, a saber:
- Black Opium – forte e adocicado, com ótima projeção;
- Olympea – frasco lindo e boa fragrância;
- Davidoff Brilliant Game – de estilo baladeiro;
- Ferrari Vetiver Essence – amadeirado e requintado;
- Eau Sauvage Parfum – sempre esteve na minha mira e continua na wishlist, com seu cheiro acourado e potente;
- Acqua di Gio Profumo – maravilhoso, seco, distinto. O mais maduro de todos!
- Polo Red Intense – é uma versão mais intensa do Red existente, respeitando o DNA de forma muito transparente.
Chegando no aeroporto da Argentina, novas promoções e novos perfumes a conhecer, na correria para não perdermos o motorista que nos aguardava rumo ao hotel. Os destaques foram:
- Calvin Klein Reveal – frasco lindo e pesado, perfume cremoso e meio adocicado. Foi a única fita que eu guardei para testar a fixação e, para minha surpresa, permaneceu firme e forte ainda no dia seguinte. Mas lembrem-se: na pele, o perfume evapora mais rápido, já que há variação de temperatura.
Com relação ao feminino, não gostei do frasco com tampa diagonal. Já posso prever quedas e muito choro da mulherada. - Cool Water Night Dive – esqueça o lado marinho e refrescante da linha. Esta é a versão para o homem que mergulha durante o dia e se diverte no litoral à noite. Amadeirado-ambarado, naquele estilo que lembra tabaco, incenso, etc.
Esses são os que mais me lembro, que tiveram algum destaque na minha memória. Obviamente, eu também me decepcionei com alguns outros, pelo menos neste primeiro momento, como por exemplo: Bvlgari Aqva Amara, Halloween Man Rock On e Armani Eau d’Aromes, que não mostraram a que vieram. Porém, mais uma vez eu repito: esse tipo de experimentação não é o suficiente para avaliar se um perfume é bom ou ruim. É sabido que o correto é testar na própria pele e deixar a fragrância evoluir. Infelizmente, neste tipo de situação, com tantas opções e liberdade de manejo, só nas fitinhas mesmo. Só não venham me cobrar no futuro, caso eu receba algum frasco para resenhar e, porventura, acabe gostando do perfume, com piadas do tipo: “ué, você tinha dito que não gostou deste perfume”.
As fragrâncias femininas também tiveram sua vez: curti muito a linha completa do La Vie Est Belle e a linha Miss Dior, com a facilidade de poder comparar umas às outras. Até os perfumes da Victoria’s Secret me surpreenderam positivamente. Não senti todos – por opção mesmo – mas os que peguei, gostei. O Clinique Aromatics in White é muito bom! O frasco é lindo, laqueado e a fragrância é leitosa e cremosa, com alta qualidade. Não sei se perdura, mas a saída já convence uma compra. E teve muito mais!
Já nas ruas da cidade, para quem não conhece, há uma via principal para compras, onde o movimento é aquecido e a concorrência é grande. É a Calle (rua) Florida. Nesta rua, é possível encontrar mais de 5 lojas físicas com bons perfumes, inclusive lançamentos. Sem contar que no shopping, conhecido como Galerias Pacífico, você ainda conta com a loja oficial da Chanel. Mas o grande destaque, na minha opinião, sempre fica por conta da Juleriaque, que é uma rede de perfumarias que vende os perfumes Loewe com exclusividade. Foi em uma destas lojas que eu comprei o meu Solo Loewe Platinum, em 2013. E desta vez, eu pude conhecer a versão Cedro, que eu gostei bastante, mas não trouxe, por questões financeiras mesmo. 🙁
Outra marca que sempre me trouxe surpresas por lá é a Molyneux. Em 2011 eu comprei Quartz Silver e, em 2013, Quartz Addiction, quando nenhuma loja no Brasil tinha à venda. Porém, desta vez, não vi nada de novo. Há uma reclamação muito grande dos vendedores no que diz respeito à importação.
Em um dos dias, resolvemos ir ao Uruguai de barco. E como atravessamos para outro País, pudemos desfrutar de outro Free Shop dentro da embarcação. Para quem gosta de Givenchy, a marca estava com tudo em 40%OFF. A mulherada pirava na linha Very Irrèsistible! Mas o que me chamou a atenção foi o CH Men Grand Tour, que eu nunca vi por aqui, e estava disponível em uma única unidade de 100ml por 81 dólares. Mas também não arrisquei, pois nem tester eles tinham! 🙁
Na volta para o Brasil, novas surpresas no Free Shop. Me deparei com La Nuit Parfum Intense, que me balançou e foi o único que eu borrifei sobre a pele. Maravilhoso, mas com baixa projeção! Depois, pude conhecer o tão elogiado Terre d’Hermès Eau Tres Fraiche. E vou contar uma coisa pra vocês: que laranja deliciosa e natural. Se eu nunca tive apreço pelos demais, devo confessar que este me conquistou na 1ª borrifada! Mas estes também ficaram aonde estavam.
Resumindo, embora a vontade fosse grande, a razão (o bolso) falou mais alto. Não comprei nenhum perfume de marcas designer nesta viagem. Me contentei em aproveitar os dias em família, gastar com boa comida, vinhos e tortas recheadas de doce de leite portenho. Mas é claro que eu não voltei de mãos vazias. Eu precisava conhecer as novidades da Fueguia, desde 2013. Quem me segue no Instagram viu as fotos. Mas este capítulo, eu conto depois…