O alemão Marc vom Ende, químico e perfumista da Symrise, levou mais de um ano para descobrir a composição do cheiro de dinheiro — mais precisamente, das notas de dólar americano. A motivação? Arte.
O trabalho foi resultado de uma solicitação feita pelo artista americano Mike Bouchet para sua exposição na galeria Marlborough, em Nova York. Bouchet já tem outros trabalhos ligando arte e cheiros. No ano passado, ele apresentou na Suíça uma escultura formada de dezenas de toneladas de material retirado dos esgotos da cidade de Zurique. Brincadeiras à parte, o fedor produzido pela obra foi o grande destaque. 🙂
Desta vez, o cheiro do dinheiro exala das paredes que compõem a sua obra, chamada TENDER. “Dinheiro é um símbolo de poder, mas nunca pensamos em seu cheiro, o que acho fascinante”, disse Bouchet ao The Wall Street Journal.
A ideia surgiu há dois anos. O maior problema era reproduzir o cheiro de dinheiro. Foi então que o artista entrou em contato com a empresa Symrise que, por sua vez, incumbiu o experiente Marc vom Ende dessa missão inusitada. Aos 48 anos, ele é o criador dos perfumes para difusores no interior dos carros da Mercedes-Benz, além de trabalhar para fabricantes europeus de perfume.

Segundo o jornal, a identificação do cheiro do dólar é uma antiga ambição dos agentes alfandegários e de químicos do mundo inteiro. Com o feito, a empresa alemã se tornou a primeira a contar com a fragrância em um banco de aromas.
Foram necessários seis meses para identificar os elementos que compõem o cheiro de dinheiro novo. E mais oito meses para descobrir como ajustar esse olor a fim de torná-lo parecido com o de dinheiro usado.
Marc concluiu que o cheiro de uma nota de dólar muda conforme circula de mão em mão. Partindo de algo que lembra algodão, sabão e tinta, a fragrância envelhece adotando compostos de diversas outras coisas menos agradáveis. Segundo o jornal, o perfumista fez uso de odores derivados de mais de 100 produtos químicos orgânicos, como o couro de carteiras e bolsas, metal de caixas registradoras e de moedas, além do cheiro de suor humano.
“O dinheiro leva algo de todos por quem ele passa (…) Isso o torna extremamente complexo, mas isso também torna a detecção interessante”, afirmou o perfumista.
Para realizar sua descoberta, ele pegou notas de US$ 1 a US$ 20 e as trancou em uma câmara com carvão ativado, com alto poder de absorção de gases. Com isso, conseguiu “capturar” os elementos presentes no dinheiro e, então, começou a analisá-los.
Além de substâncias que aparecem no sabão, no linho, na gasolina, na tinta, nos óleos corporais, nas células de pele em decomposição, na manteiga e no queijo, Marc vom Ende se surpreendeu por encontrar grandes quantidades de moléculas de indol (composto orgânico comum em fezes humanas).
Quando, finalmente, chegou a uma versão final da sua fragrância, a Symrise entregou uma amostra para o artista Mike Bouchet, que reside em Frankfurt, na Alemanha. Ao avaliar o resultado, Bouchet teria dito: “Foi como um choque elétrico, pois cheirava como dinheiro. Foi revigorante”. Segundo informações dos curadores da galeria, a peça se encontra à venda por US$ 75 mil.
Vale ressaltar que a Casa da Moeda Norte-americana informou que o odor das notas não é uma marca registrada, embora alguns dos processos de fabricação utilizados para produzi-las sejam patenteados.
*Fonte: JB / Edição: Perfumart / Imagens: reprodução
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Gostaria muito de obter essa essência com cheiro de dinheiro, procuro a anos e não encontro em lugar algum,
quando trabalhei com importação e distribuição de óleos essenciais, recebi a incumbência de ajudar um gráfico de São Paulo a transmitir em “certificados de autenticidade” o “cheiro do dinheiro. Indiquei óleos essenciais amadeirados, mas hoje sei que teria que indicar uma casa de aromas para ter efeito próximo. Enfim, em uma época de desuso do dinheiro físico, creio que pensarmos usar o cheiro, como elemento de segurança perdeu a oportunidade no tempo. Contudo, seria uma ideia interessante na época do uso em larga escala.