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BAMBOO & GREEN TEA, DE AMBERFIG

Perfumart - resenha do perfume Amberfig - Bamboo & Green TeaLançado em 2015, Bamboo & Green Tea foi criado com a intenção de captar a aura verde e refrescante do chá verde e as nuances amadeiradas do bambu. Muitas fragrâncias já tentaram trazer o frescor do bambu para o mercado, enaltecendo aquela imagem de bambus aquáticos ou de florestas asiáticas.

No caso desta criação da Amberfig, há quem se prenda ao fato de o perfumista ter utilizado um composto sintético que confere o cheiro de bambu e é utilizado em perfumaria, como se fosse algo inusitado na perfumaria indie/artesanal. Mas vale a pena dizer que também é possível se obter um extrato natural do bambu, muito utilizado em outros cosméticos. Utilizar um composto sintético não deprecia, em nada, a qualidade de um perfume, a não ser que o ingrediente seja de má qualidade ou procedência duvidosa.

Na minha opinião, a nuance de bambu nem é a grande estrela desse perfume. Ela chama atenção, mas funciona em conjunto com outras notas refrescantes, como a yuzu e o néroli. Eu diria que o sucesso aqui é o resultado de um trabalho em equipe. E tal equipe é composta por notas de yuzu, toranja e litsea cubeba (May Chang), na saída; Bambu, chá verde, néroli e melissa, no corpo; Cedro do Atlas e Cedro da Virgínia, patchouli, vetiver e musgo de carvalho, na base.

Mas antes de comentar sobre a evolução do perfume, acho válido deixar registrado que uma das maiores qualidades nos perfumes da Amberfig e no trabalho do perfumista David Magalhães é a capacidade de inovação, haja vista que o orçamento e o volume de matéria-prima de um perfumista artesanal são sempre mais restritos do que os das grandes marcas mais populares e industrializadas. E, ainda assim, ele consegue trazer para o mercado fragrâncias que nos fazem pensar por que razão nenhuma empresa nacional jamais criou algo similar.

Bamboo & Green Tea é incrível. Tudo aquilo que eu gostaria de ter encontrado em Luminescência, encontrei aqui. Frescor, qualidade, boa projeção e boa durabilidade, mesmo em um perfume de notas mais voláteis. Na minha pele, há um mix de tudo que refresca: nuances frutadas, cítricas e verdes. Mas e o cheiro de verbena, que perdura por toda a evolução? Ele vem da litsea cubeba, que é uma pequena árvore tropical, cheia de folhas e flores que cheiram como o limão. Seu óleo é produzido na China e na Malásia, onde é conhecido como pimenta chinesa ou May Chang e é considerado o Óleo da Prece. É rico em citral, que possui cheiro similar ao da verbena e do capim-limão.

Bamboo & Green Tea funciona como um banho de chá verde bem gelado, que foi preparado com muita verbena e pedaços de bambu em infusão, além de algumas gotas de néroli e raspas de cedro luminoso. Projeta muito bem e dura por cerca de sete horas, mesmo no clima quente do Rio de Janeiro, onde fiz todos os testes pré-resenha. É perfeito para locais de calor tórrido e pessoas que adoram fragrâncias refrescantes, porém presentes. Por mim, poderia se chamar Verbena & Green Tea, pois foi o que senti de verdade.


 

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BORRIFANDO CONHECIMENTO HÁ ANOS. Crítico de fragrâncias, jurado de premiações nacionais nas categorias de perfumaria fina e cosméticos masculinos, além de consultor particular de estilo em fragrâncias e criador do Perfumart, maior blog especializado no assunto.

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4 comments on “BAMBOO & GREEN TEA, DE AMBERFIG

  1. Sergio

    Cassiano, as pessoas não gostam de falar, mas o BGT meio que segue a linha ou é meio que parecido com algum outro, só pra ter uma ideia.. Quero comprar, mas tenho medo dele ter aquele cheiro verde de velho sabe, tipo Polo Green, Bogart Classic… Gosto de perfumes frescos/cítricos/marinhos/aquáticos/herbal… Qual o melhor dentro do meu gosto pra comprar às cegas? Blue Cypress ou BGT ou qual outro com excelentes proj/fix. Muito obrigado

    • Oi Sergio!
      Se você leu as duas resenhas, acho que nem preciso te responder qual a melhor opção…risos
      Não curti o Blue Cypress. Já este aqui, gostei bastante quando recebi para resenhar. Para “blind”, este aqui, sem dúvidas!

  2. Márcia

    Oi Cassiano, estou adorando suas resenhas (tô meio cansada de resenhistas infantis que fantasiam e não revelam nada,rs,rs,rs)..sua resenha é tipo uma aula pra iniciante na perfumaria rs,sr,rs….tem o lado artístico e científico e na real da coisa rs,rs, adorei…
    Assisti sua entrevista com o David e fiquei preocupada com o que ele disse: “Se dedicar a carreira de cirurgião” …ah, q pena rs, mas isso me desanima também…isso mostra q perfumista no Brasil não tem um bom futuro?..aff…
    Queria lhe perguntar se a matéria-prima do David é natural, ou melhor, seus perfumes não são compostos com químicos sintéticos? Ele combina os dois grupos? Pergunto isso por causa da entrevista q ele fala muito de óleo essencial e tal..apesar de eu ser apaixonada por OEs (tanto que construí um extrator e faço minhas extrações rs,rs) mas não consigo conceber um perfume só com OEs e extratos naturais ter boa projeção ou fixação (por causa da alta volatilização e tal)…os perfumes do David não conheço nenhum ainda rs,rs,rs…mas pro fim é isso mesmo q quero saber: se ele faz uso de sintéticos. rs,rs, abraços floridos!

    • Oi Márcia!
      Antes de mais nada, obrigado pelo feedback. 🙂
      Sobre os perfumes Amberfig, acho que o ideal seria perguntar diretamente para ele, né? risos
      Mas não vou te deixar sem resposta: a entrevista já tem um tempinho. E que eu me lembre, o David nunca defendeu que a Amberfig seria uma empresa do ramo da perfumaria natural apenas. Se você olhar os últimos lançamentos, como Blue Cypress, por exemplo, ele já fez uso do ambroxan. Acho que isso responde a sua pergunta!
      Não deixe de conhecer. Tem muita coisa boa de verdade e ele trabalha com frações (decants). Um beijo.

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