Esta fragrância foi criada sob medida para um cliente do perfumista Paul Kiler, em 2014. Ele queria um perfume que tivesse almíscar – sua nota predileta – e madeira de agar (oud). Mas Paul apresentou o resultado sem a presença do almíscar e sem o seu mix de oud, criado exclusivamente para as suas fragrâncias. E deu certo! Aliás, deu tão certo que mesmo sabendo que ainda havia um buraco a ser preenchido, Paul recebeu elogios e resolveu deixar deste jeito, pensando em utilizar as notas requisitadas em uma segunda criação, que já está prestes a chegar ao mercado e vai se chamar Dirty Rose Oud Extreme (eu recebi amostras e irei resenhá-la, assim que possível).
Solicitei as notas oficiais ao Paul, que prontamente me atendeu e já as colocou no site, evitando dúvidas futuras. São elas: bergamota, madeira de Picea negra (Black Spruce – árvore cuja madeira é muito utilizada na fabricação de violões), loureiro e acorde esfumaçado da madeira da cerejeira, na saída; Rosa, nagarmotha (cypriol), madeira de teca, tabaco, cedro, mogno e acorde de terra, no coração; Costus (cana-do-brejo), âmbar, couro, vetiver de Bourbon e ládano, na base.
Sei bem por onde começar esta resenha: dizendo que encontrei mais uma ótima fragrância criada sobre o aroma das rosas, perfeitamente adequada para os homens e, com certeza, radiante para as mulheres. Até então, só havia encontrado uma única fragrância neste mesmo estilo, da casa Montale. Fora isso, perfumes com rosas tendem muito para o feminino ou a rosa apenas complementa a criação, em meio a tantas outras notas.
Dirty Rose é mesmo uma rosa “suja”, que toca a pele de forma intensa. E a imagem oficial faz juz à fragrância, pois é exatamente o aroma das rosas vermelho-rubi, com suas pétalas aveludadas e cheiro ardido, que eu sinto. E digo isso, porque no jardim da minha mãe existem rosas assim. Não é aquele cheiro de limpeza das rosas brancas, tampouco o aroma inocente das rosas amarelas. Imagino que este seja o perfume sentido pelos colhedores de rosas, com seus espinhos, terra e tudo aquilo que vai junto com toneladas de pétalas, antes de serem processadas para extração de seu óleo essencial.
Na minha pele o resultado foi úmido, esfumaçado e cheio de madeiras. As notas de coração sobressaem do início ao fim da evolução, quando o âmbar aparece e deixa uma leve cremosidade no aroma. Vale ressaltar que é aquele tipo de fragrância que perdura por mais de 10 horas na pele, com facilidade.
E lá vou eu, rumo à versão Oud Extreme!