O perfume Fan di Fendi EDP foi lançado em 2010 e deu início ao pilar de mesmo nome dentro da divisão de fragrâncias da grife. Seu frasco foi inspirado nas bolsas de mão Baguette, de estilo vintage, trazendo o mesmo desenho das peças metálicas, com foco no luxo do ouro. E sua fragrância foi criada por Delphine Lebeau-Krowiak (responsável por outras fragrâncias da grife, além de Grés, Parfums de Rosine, etc.) e François Demachy, que dispensa comentários.
A composição lista notas de tangerina, pera, groselha preta e um toque de pimenta rosa, na saída. Em seguida, notas de jasmim amarelo, rosa damascena e tuberosa, no coração. Finalizando, a base traz notas de patchouli, couro e almíscar.
Na pele, Fan di Fendi EDP é um daqueles perfumes que chamamos, popularmente, de bomba (ou Powerhouse, em Inglês). Mas aqui, não me refiro aos clássicos que marcaram a minha infância e adolescência nos anos 80 e 90, respectivamente. Trata-se daquele tipo de fragrância que marcou a virada do milênio e o início dos anos 2000, embora tenha sido lançada somente em 2010. Ou seja, representava o segmento de perfumes que traziam adjetivos como sofisticação, elegância, sensualidade e sucesso em seus briefings, mas que não podiam transmitir aspecto datado, pois o público-alvo eram as mulheres livres, sem filhos e que não tinham pressa para nada, a não ser alcançar o sucesso profissional.
Com uma saída frutada extremamente potente, Fan di Fendi EDP invade os ambientes conjugados rapidamente. Na minha pele, a pera não ficou sufocante, porque não trouxe uma nuance muito artificial e ainda ganhou um banho cítrico, que aumenta a sensação de frescor. A groselha se ajustou perfeitamente e conferiu aquela faceta levemente azeda, que se arrasta durante boa parte da evolução, indo além da fase inicial.
A tuberosa, temida por tantas pessoas, não foi a flor mais evidente. Desta vez, o jasmim mostrou o seu lado mais frutado e acabou dando mais durabilidade às notas de saída. Por isso, a impressão de uma evolução mais lenta. Depois de algum tempo, vem o couro e um lado mais “maduro” surge, colocando a fragrância em um outro nível olfativo, como se estivesse mais comportada.
Para mim, é como degustar e sentir o aroma de peras ao vinho após o almoço, tendo ao lado um cálice de um delicioso licor Marie Brizard de cassis, a fim de limpar o paladar. E tudo isso, sentindo o cheiro que ficou impregnado nas minhas luvas de couro, após ter descascado uma tangerina algumas horas antes.
Entretanto, mais do que mutante, Fan di Fendi EDP sofre de múltipla personalidade. Durante um tempo, quando de seu lançamento, as opiniões eram muito diversificadas. Para algumas mulheres, o patchouli era muito forte (em mim ficou bem leve, trazendo um toque chipre); para outras, o couro era exagerado; para os homens que se arriscavam, a nota de couro era perfeitamente trabalhada (eu não acho!); em outros casos, a reclamação era de que o resultado ficou muito artificial; etc.
Como só posso falar por mim quando avalio fragrâncias, eu considero Fan di Fendi EDP um belíssimo perfume floral-frutado, com forte assinatura frutal e muito impacto inicial, o que ajuda muito nas vendas rápidas. A durabilidade é ótima e segue aquele estilo de perfume vendido como feminino, mas que pode ser facilmente compartilhado. Pena que foi descontinuado.
Sabe dizer se tem algum semelhante?