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KRISKA, DE NATURA

Falar do perfume Kriska é falar da história da perfumaria nacional. Kriska foi lançado em 1995 (pela Haarmann & Reimer, atual Symrise) e fez parte da vida de milhares de mulheres brasileiras, que apostavam na sua potência e no seu teor floral. Assim como vários perfumes importados e muito mais caros da época, Kriska era conhecido por ser do tipo “ame ou odeie”. Com o passar dos anos, foi ganhando variações, como Kriska Brilho e Kriska Frésia, mas o flanker mais famoso foi Kriska Jeans.

Em 2013, a Natura resolveu relançar a linha Kriska com novas embalagens e novo frasco (processo conhecido como repackaging). O frasco de antes, meio achatado e com vincos, ganhou formas curvas e pinturas em degradê. A tampa, que simulava uma rosa, ficou mais moderna e ainda mais bonita, muito próxima do formato desejado. Hoje, quando a gente olha para os frascos translúcidos e vê o tubo interno do spray se ligando ao borrifador e à tampa, temos a impressão de estarmos vendo uma flor, dentro de um jarro gracioso.

Na época, a empresa divulgou que a fragrância permaneceu inalterada e que a novidade não seria apenas essa, pois uma nova fragrância foi lançada simultaneamente: Kriska Liberdade, que foi criada por Verônica Kato e Domitille Bertier, da IFF. Mesmo assim, o fantasma da reformulação é divulgado até hoje, ainda que de forma não-oficial. Contudo, é preciso lembrar que o público, em sua maioria, possui o costume de confundir repackaging (mudança visual) com reformulação (mudança de fórmula, composição).

A composição de Kriska, oficialmente, conta com notas de abacaxi, ameixa, acorde verde, amora, bergamota, cardamomo, cassis, damasco, flor de laranjeira, pêssego, gálbano e osmanthus, só na saída. Então, no corpo da fragrância, temos notas de cravo, frésia, gardênia, jacinto, jasmim, tuberosa, lírio do vale, rosa e ylang-ylang. Mas calma, ainda não acabou! Ainda tem a base, com notas de âmbar, baunilha, benjoim, cedro, ládano, fava tonka, almíscar, patchouli, sândalo e vetiver.

Na pele, Kriska sempre foi potente, polêmico e mutante. Há quem diga que a tuberosa é mais forte e o cheiro atalcado é muito vivo; há quem sinta mais nuances frutais; há quem sinta cheiro verde e floral e há quem sinta um cheiro muito doce e enjoativo.

E a verdade é que, reformulada ou não, a fragrância vendida hoje não é mais a mesma de antigamente. A fórmula pode não ter mudado, mas os ingredientes, com certeza, não são mais os mesmos daquela época. Nos anos 90, Kriska chegava no ambiente minutos antes da usuária entrar. Quem abusou das borrifadas naquela época, pode não saber, mas traumatizou muitas jovens mulheres de hoje em dia. Em compensação, a fragrância de hoje está mais distante de ser odiada por alguém.

Na pele, assim que borrifada, me fez lembrar de Flower, by Kenzo. Mas em instantes, novas nuances surgiram e o aspecto floral se fundiu às notas frutadas, com muita evidência para o cassis e o damasco. O gálbano ainda deve estar lá, porque é notável um amargor que perdura por muito tempo da evolução. Cerca de vinte minutos depois, o lado floral começa a ficar mais vivo, ao mesmo tempo em que a fragrância começa a ficar mais branda. Nessa fase, sinto muito ylang-ylang e tuberosa, junto com um toque atalcado que começa a aparecer. Por fim, a base fica docinha, mas nada muito carregado na baunilha. E o âmbar também é bastante perceptível.

Kriska continua projetando muito bem, mas acalma mais rápido do que no passado. Em termos de fixação, passou de oito horas na minha pele e acho que poderia ter durado mais, se eu tivesse aplicado um volume maior de perfume. Mas a saída ainda assusta um pouco, como antigamente. Por isso, preferi ser cauteloso.

Atualmente, Kriska possui novas versões à venda: Beleza (edição limitada), Atitude, Descoberta, Encanto e Liberdade, citada anteriormente. Quem gostava, mas tinha medo, pode testar novamente e, quem sabe, se surpreender.

*imagem: reprodução / natura.com.br


 

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BORRIFANDO CONHECIMENTO HÁ ANOS. Crítico de fragrâncias, jurado de premiações nacionais nas categorias de perfumaria fina e cosméticos masculinos, além de consultor particular de estilo em fragrâncias e criador do Perfumart, maior blog especializado no assunto.

10 comments on “KRISKA, DE NATURA

  1. Juliane

    Qual kriska substituir o kriska brilho eu adorava saiu de linha.

  2. Letícia

    Qual dos kriska lembra o kriska flores,ele saiu de linha adorava ,mas não sei se algum dos kriska lembra ele

  3. SRosal

    O Kriska clássico não é mais o mesmo de antes,mudou muito em sua essência ou a matéria prima não tem mais qualidade como outrora… está mais fraco em seu perfume e na fixação…já o kriska drama é bem mais forte um perfume pra ser usado à noite.

  4. Clovis

    Boa tarde, minha noiva amava o kriska jeans, gostaria de saber se existe outros perfumes que lembre ele? quais?

    • Muito se fala da semelhança com um perfume da concorrente, Ma Cherie Jeans (O Boticário). Sinceramente, não me recordo do cheiro do Kriska Jeans, assim de cabeça.

  5. Leticia R A Panisson

    Bom dia! Qual o nome da fragrância original do Kriska? Minha mãe sempre usou o original mas, hoje, não sabe qual o nome da fragrância para comprar e, as revendedoras também não.

    • Oi Letícia. Não entendi muito bem a sua dúvida. Kriska sempre teve esse nome, desde que foi lançado, em 1995. O que mudou foi a composição e a questão visual, não o nome!
      Com o passar dos anos, a Natura lançou algumas variações, mas o tradicional é esse: Kriska.

  6. Anna Maria Igreja Pennella

    HAHAHA traumatizou mesmo! Tanto que eu ainda estou relutando em experimentar o famoso Kriska Drama!!! Voce é demais!!!

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