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LADY MILLION PRIVÉ, DE PACO RABANNE

Perfumart - resenha do perfume Paco - Lady Million PrivéEm 2010, Paco Rabanne lançou Lady Million para fazer par com 1 Million, que virou sucesso absoluto no mercado. O conceito foi mantido e para acompanhar o lingote de ouro, seu frasco veio em forma de diamante lapidado. Novamente, a grife obteve sucesso.

Em 2012, foi a vez das versões Eau de Toilette e Absolutely Gold. Em 2014, a empresa lançou a versão Eau My Gold, para substituir a versão Eau de Toilette, que seria descontinuada. Em 2016, um novo duo foi lançado, com o sobrenome Privé.

Desta vez, o casal bem-sucedido, que consegue tudo com o estalar de seus dedos, mostra seu lado criminoso. São pessoas normais, durante o dia, e outras, completamente diferentes, à noite.

A perfumista, mais uma vez, foi Anne Flipo. Ela deu vida à uma fragrância intensa, floral e gourmand. E quem já recorreu a alguns sites famosinhos, para buscar as notas, antes de fazer seus vídeos no youtube, talvez não saiba, mas elas estão erradas. Basta acessar a página oficial da grife, seja em Francês ou Inglês, para notar que a nota de framboesa encabeça a composição, juntamente com a nota de heliotrópio, ao contrário do que é divulgado por aí, defendendo que ambas estariam no corpo da fragrância.

Dito isso, vamos à pirâmide olfativa: framboesa, heliotrópio, acorde amadeirado e flor de laranjeira, no topo. Em seguida, o coração pulsa com a flor da baunilha, que nada mais é do que um tipo de orquídea. A base é intoxicante e combina notas de cacau, mel e patchouli.

Lady Million Privé é doce e carrega aquele azedinho da framboesa, desde o início. E o heliotrópio, por si só, já faz lembrar de baunilha. Ou seja, temos uma fragrância cremosa e bastante abaunilhada pela frente. A parte luminosa vem da flor de laranjeira, mas o segredo desta criação opulenta está, sem dúvidas, em sua base. O patchouli é achocolatado e se mescla às nuances do cacau, que são mais amargas e, de certa forma, pulverulentas. O mel cai por cima e não deixa o pó do cacau levantar, selando o perfume sobre a pele, meio amargo e doce, tudo ao mesmo tempo.

Li algo sobre o Black Orchid, mas comparei os dois e não vi qualquer semelhança. Então, percebi que a faceta do patchouli não me era estranha: olho aqui, testo ali e percebo que La Vie Est Belle tem esse patchouli doce e achocolatado. Dá para confundir, naqueles instantes em que o patchouli e a baunilha resolvem aparecer mais do que o resto. Mesmo assim, é um sentimento passageiro.

Mas ainda faltava algo, que eu custei a me lembrar. “Essa base de cacau já esteve em minha pele”, pensei cá com meus botões. Depois de alguns testes e algumas pesquisas, a resposta apareceu: perfumaria de nicho. Então, consegui identificar o mesmo cacau de Xocoatl (Fueguia 1833) e de Santal Majuscule (Serge Lutens).

Temos, então, uma fragrância de Paco Rabanne, que brinca de perfume de nicho e foi feito para o mercado de massa. Aproveito para deixar uma dica: se você não gostar da base deste perfume, terá grandes chances de não gostar de nenhum dos outros citados.

Lady Million Privé não decepciona em projeção, muito menos em fixação. É uma daquelas bombas, que ficam perfeitas em dias mais frios ou em momentos marcantes e cheios de sensualidade. Seu frasco permanece o mesmo, mas o ouro virou bronze e a fragrância ganhou aspecto licoroso. Vale conhecer!


 

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BORRIFANDO CONHECIMENTO HÁ ANOS. Crítico de fragrâncias, jurado de premiações nacionais nas categorias de perfumaria fina e cosméticos masculinos, além de consultor particular de estilo em fragrâncias e criador do Perfumart, maior blog especializado no assunto.

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