Laine de Verre chegou ao mercado em 2014 e seu nome, em Português, significa “Lã de Vidro”. É a terceira fragrância da coleção de águas da casa de Lutens, depois de L’Eau Serge Lutens (2010) e L’Eau Froide (2012). Mas a coleção já possui uma quarta fragrância, chamada L’Eau de Paille (2016).
Essa “lã de vidro”, muito usada para isolamentos, é mais conhecida por nós, brasileiros, como a boa e velha Fibra de Vidro. Serge diz que essa fragrância expressa uma briga doméstica entre seus lados feminino e masculino. E a inspiração é contada da seguinte forma: “o Senhor do Vidro baixa as suas armas e cai aos pés da Senhora da Lã, oferecendo-lhe samambaias e flores, gravadas em seu corpo pelo gelo do inverno”.
Mas não se deixe enganar pelo conceito invernal. Laine de Verre é cítrica, simples e decepcionante ao extremo. Sua composição traz notas cítricas, aldeídos, almíscar e molécula de cashmere (com facetas lenhosas e o aspecto sedoso da lã).
Na pele, o resultado inicial é inovador e faz a gente pensar que, desta vez, Serge Lutens acertou na criação de uma de suas “águas”. A saída é tão adstringente, que chega a incomodar. Parece que esfregaram várias cascas de frutas cítricas na pele, deixando um misto de frescor com nuances azedas. Mesmo assim, essa fase me agradou, embora grande parte das críticas venha daí, com comparações que vão desde detergente à produtos sanitários.
O problema é que a brincadeira acaba na melhor parte. Laine de Verre some da pele em cerca de uma hora e não dá nem para avaliar a sua evolução, já que ela não evolui, apenas some. Mais uma vez, me vejo diante de uma fragrância da casa Lutens, feita em concentração Eau de Parfum e mais fraca do que uma Eau de Cologne, mas com preço de nicho.
Desculpe-me Serge, mas este perfume é uma brincadeira sem graça.