Nina Eau de Toilette foi lançado em 2006 com o intuito de atingir um público mais jovem e chamar a atenção para a grife. Em 1987, o primeiro perfume homônimo havia sido lançado, como um tributo de Robert Ricci à sua mãe. Porém, foi esta nova fragrância criada por Olivier Cresp que abriu os olhos da crítica especializada e, sobretudo, das mulheres de espírito jovial espalhadas pelo globo.
Talvez não tenha sido a primeira do tipo, mas foi, sem dúvidas, a mais icônica das fragrâncias florais-frutadas de uma era já globalizada. Na época, as meninas em torno de 14 a 17 anos de idade só falavam neste perfume e a famosa maçã de Nina Ricci atingiu números de venda bem altos, competindo com outras maçãs, as da grife Donna Karan.
O conceito foi trazer de volta os anos de juventude de Nina, a despreocupação de uma idade tenra, suas delícias e sonhos. O frasco veio em forma de maçã, o fruto proibido, a representação entre inocência e pecado. E o acabamento metalizado com três folhas prateadas é de extremo bom gosto.
Nina é aquele perfume docinho, mas que não é tão doce. Dá para entender? Não? Vou tentar explicar.
A composição oficial cita notas de saída de limão da Calábria e limão verde, aquele do tipo Tahiti. Em seguida, um corpo concebido para lembrar uma maçã do amor, combinando notas de maçã, pralinê, baunilha e gardênia (não é peônia, como a gente vê em alguns sites). Por fim, uma base levemente lenhosa, com cedro, madeira de macieira e almíscar.
Na pele, o resultado acaba sendo uma fragrância frutada e ácida, ao mesmo tempo adocicada e açucarada. Parece uma caipirinha de maçã preparada com esmero, tendo pedaços de maçã macerados em muito açúcar, sendo derramados sobre a pele. Então, conforme o tempo vai passando, o coração traz uma nuance frutada de maçã que está longe de ser enjoativa (o que, na minha opinião, é a melhor característica da fragrância). É aqui que mora a maior parte das reclamações de algumas usuárias, que esperavam encontrar uma tradução literal da maçã do amor, caramelizada e gourmand, mas se depararam com uma maçã verde e suculenta.
Por fim, a base apenas encerra a diversão e não apresenta qualquer novidade ou faceta surpreendente. Temos um lado levemente amadeirado, no qual o cedro se funde ao almíscar e confere um ar diurno à criação. Mas a melhor parte de Nina é a sua chegada e a evolução inicial. Por esta razão, vale até reaplicar a cada quatro horas, só para voltar a sentir tudo de novo. Mas vá com calma, pois a fragrância exala com firmeza e possui boa durabilidade.
Nina inspirou diversas fragrâncias com nuances frutadas de maçã e seu sucesso foi tão grande que a linha completa já ganhou quase vinte variações e hoje faz parte da coleção “Les Belles de Nina” dentro da divisão de fragrâncias da grife.
Excelente trabalho.
Ausente, apenas, o fator fixação ?
Obrigado Marcia.
Sobre fixação: “Mas vá com calma, pois a fragrância exala com firmeza e possui boa durabilidade”.