Rosendo Mateu 2 faz parte da coleção relançada, em 2017, pelo mestre perfumista que já teve seu nome envolvido em inúmeras fragrâncias de sucesso mundial. Ao lançar a sua grife própria, em 2015, Rosendo se estabeleceu de vez no segmento da Perfumaria de Nicho (saiba mais clicando aqui).
Rosendo Mateu 2 não possui a mesma composição da fragrância lançada em 2015. Nessa nova coleção, algumas delas até trazem os mesmos acordes principais gravados na placa do frasco, mas sofreram pequenos ajustes antes do relançamento. No caso da fragrância de número 2, até isso foi alterado. A anterior era mais complexa e construída sobre lavanda, especiarias e chocolate, enquanto a atual foi criada para realçar os acordes cítricos, de madeira e de camurça.
E por falar em camurça, Rosendo Mateu 2 é o que se pode chamar de couro feminino. Digo isso porque sei que fragrâncias com nuances de couro tendem a reforçar aspectos de masculinidade, virilidade, força e luxo. E quando tal nota é utilizada em fragrâncias femininas, normalmente fica pouco perceptível, a fim de não assustar o público-alvo.
Desta vez, o perfumista conseguiu trazer equilíbrio e apelo unissex em uma fragrância que foi criada, claramente, para realçar a nuance mais luxuosa da camurça. E o resultado é um perfume que toca a pele de forma incensada e se desdobra em nuances quase amendoadas. O mais incrível é entender esse resultado após tomar conhecimento da sua pirâmide olfativa, que possui notas de bergamota da Calábria e limão, no topo; rosa, folhas de gerânio e acorde floral, no corpo; almíscar branco, sândalo, patchouli e camurça, na base.
Conforme evolui, o perfume se revela extremamente confortável, quase que perfeito para qualquer momento. Demora um pouco, mas a saída esfumaçada que senti antes começa a ceder espaço para um corpo mais floral e levemente canforado, no qual a rosa não assusta, não é metalizada demais, tampouco feminina em excesso. Ela está presente o tempo todo, até o momento em que as madeiras da base surgem e praticamente esmagam suas pétalas. Então, um sândalo mais denso (e menos cremoso do que o usual) se revela e a camurça cobre o corpo, como se fosse uma manta feita de pele animal, utilizada pelos povos que vivem nas regiões mais frias.
Rosendo Mateu 2 talvez não seja o melhor perfume já feito com nuances de couro para o público masculino, mas é, sem dúvidas, uma grande revelação para o público feminino. Possui elegância, transmite requinte, não é dominante, mas não deixa de se fazer presente por todo o tempo.
Levando em consideração a minha experiência com a fragrância de número 1 e agora com esta, tudo me leva a crer que a coleção Olfactive Expressions de 2017 preza pela elegância sem alarde. Até o momento, ambas me parecem niveladas em termos de projeção e durabilidade, como se fosse um disco com canções produzidas em estúdio com o mesmo volume e filtros sonoros. Aqui, o volume não é ensurdecedor, mas o refrão gruda na memória e fica o dia inteiro. Sigo em direção à terceira fragrância.
*imagem: reprodução / www.olfactivexpressions.com


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