E lá vamos nós, mais uma vez, abrir a cápsula do tempo da perfumaria para falar de um outro clássico feminino, bem menos famoso do que os demais, mas não menos especial. Estou falando de Vivre, de Molyneux, que foi lançado em 1937, mas só ganhou maior notoriedade em 1971, quando foi relançado por Max Gavarry.
Dizem que a intenção foi homenagear a última Imperatriz do Irã, Farah Pahlavi, mais conhecida por Farah Dibah. A fragrância original trazia muito do estilo da época, ou seja, era uma bomba floral e aldeídica, com notas de coentro, laranja, rosa Búlgara, ylang-ylang, couro, vetiver, mirra e musgo de carvalho, entre outras. Dá pra imaginar isso em uma fragrância feita para as mulheres nos dias de hoje?
Outra questão que vale ressaltar é a quantidade de repackaging que Vivre sofreu ao longo dos anos, assim como aconteceu com uma fragrância masculina da grife – Captain. Se não me engano, este frasco atual é o 5º modelo, o que prova que um “tapa no visual” não é coisa apenas da última década.
Dito isso, vamos ao que interessa! A versão de 2017 foi totalmente reformulada, por razões óbvias que envolvem as matérias-primas e o mercado. Agora, a fragrância traz notas de saída de pêssego, ameixa e limão, seguidas por um corpo de rosa, jasmim e lírio do vale, sobre uma base de fava tonka, musgo e sândalo. É importante esclarecer que as notas estão descritas na própria embalagem, embora a composição disponível em algumas páginas da internet cite groselha (no lugar do limão) e baunilha (no lugar do musgo).
Na pele, Vivre (2017) tenta trazer de volta o estilo clássico, porém, se encaixando no que vende atualmente. Virou um floral-frutado com base oriental, que abre com cheiro de shampoo de pêssego, fazendo muita espuma sobre pétalas cremosas de jasmim e terminando sobre uma base retrô, graças ao musgo.
Esta fragrância de Vivre me faz pensar nos vários flankers de Chanel Nº5 que foram lançados para conquistar as gerações futuras, a fim de nunca ser esquecido pelo seu incrível papel de destaque. A caixa traz a inscrição Parfum, mas não se deixe enganar, pois a concentração é Eau de Parfum.
Me lembro de ter conhecido a versão antiga, nos anos 80, e posso dizer que são fragrâncias completamente diferentes. Mas o que eu gosto nesta versão atual é o fato de terem conseguido manter um toque do glamour das mulheres de antigamente, separando as de alma jovial, que adoram as bombas de algodão-doce que foram lançadas no mesmo ano (e continuam no mercado até hoje), das de espírito clássico, que querem se destacar no momento certo, seja ele uma reunião de negócios, uma festa especial ou um jantar romântico. E acreditem: cada vez mais, esse segmento vintage tem sido negligenciado pelo mercado de fragrâncias, até mesmo para os homens.
Para alguém que, assim como eu, teve a chance de experimentar alguns perfumes dessa época, há um misto de saudosismo e respeito por tudo o que eles representam. E, sem dúvidas, quem já passou dos 40 anos de idade sempre terá espaço em uma prateleira para um frasco de Vivre, até porque seu custo-benefício é excelente.
*Para conferir imagens dos frascos de 1937, basta clicar aqui e aqui.
Eu usei esse perfume quando tinha 17 anos de idade e hoje estou com exatos 57 anos. De longe, a nova versão do vivre, nao é igual a antiga na questão do glamour. Também não acho que ele pode ser comparado ao 5 de chanel pois o vivre superou até mesmo ele. Essas reformulações que passam os perfunes hoje, é que usam a questão da matéria prima que encareceu, é uma tremenda enganação porque os perfumes são caros e com matéria-prima barata e cobram preços exorbitantes. Que saudade da antiga versão e não compro essa nova versão de 2017 de jeito nenhum, me recuso. Quem se aproxima um pouco do antigo vivre por incrível que pareça, é o Tabu Classic . Esse Tabu tem notas de musgo de carvalho, coentro, fava tonka, Ylang Ylang e outras varias notas. Vocês podem ate achar graça mas o Tabu que sempre foi classificado como perfume de prostituta, é muito parecido com o antigo vivre. Façam o teste afinal custa só 9 reais em qualquer farmácia e perfumaria e olha que a matéria prima colocada num perfume de 9 reais, é a mesma que grife Molyneux alega que encareceu para deixar de fabricar a antiga versão. Acho isso desonesto
Oi Maria!
Acho que você não interpretou muito bem. Eu não comparei esta fragrância à do Chanel. Eu disse que “me faz pensar nos vários flankers de Chanel Nº5 que foram lançados para conquistar as gerações futuras, a fim de nunca ser esquecido pelo seu incrível papel de destaque”. Ou seja, mais se parece com um flanker do que foi Vivre original, apenas para deixar sua memória viva no mercado.
Você está certíssimo, Cassiano! Essa nova versão não tem nada a ver com o aldeídico que eu conheci só nos anos 90, mas a reformulação ficou bacana, tem aquele toque vintage muito apreciado e…eu tenho mais de 40! Agora eu sinto que posso honrar um Vivre e meu Quartz comprado há uns bons anos, hehe