Boucheron Fleurs chegou ao mercado em fevereiro de 2019 e foi apresentado no Brasil, para alguns revendedores e profissionais da área, em um evento realizado no dia 02 de abril, em São Paulo.
Se trata de mais uma versão da icônica fragrância (e primeira da grife) Boucheron Pour Femme, lançada em 1988, cuja inspiração foram os ourives de uma Paris refinada e o frasco – desenhado por Joel Desgrippes – serviu de referência para a famosa linha de anéis Cabochon.
A linha já passou por um repackaging e o perfume Boucheron Fleurs segue a nova identidade visual à venda no mercado. Sua fragrância foi criada em conjunto pelos perfumistas Quentin Bisch e Natalie Gracia-Cetto, responsáveis por outras fragrâncias da marca. Ela possui notas de limão, pera e mandarina, na cabeça; Absoluto de flor de laranjeira, frangipani e Petália, no corpo; Bálsamo de benjoim, almíscar branco e baunilha, na base.
Não é um daqueles flankers que devem ser comparados ao produto original, porque este último nasceu em uma época na qual se utilizavam matérias-primas de origem mais natural, inclusive animal, como era o caso da civeta. Mas podemos dizer que a nova fragrância é uma releitura mais moderna, contudo repleta de nostalgia.
Boucheron Fleurs é um daqueles perfumes que parece ter sido feito com base de leite, ao invés de água. Há uma cremosidade latente, do início ao fim, que confere um ar mais envolvente do que o de costume. Quando me lembro das inúmeras histórias que já li e ouvi a respeito de Cleópatra se banhando, por horas, em uma mistura de leite, lavanda e rosas, consigo imaginar a sensação traçando um comparativo imediato com o cheiro desta criação.
Antes de revelar minha interpretação, vale explicar que a Petália é um composto patenteado pela Givaudan, que possui forte acorde floral, indo desde rosas e peônias ao cheiro de jasmim e lírio do vale.
Na pele, Fleurs abre com o cheiro de um rico frapê de pera, que é derramado em uma banheira repleta de pétalas de frangipani, com suas nuances frutadas e lácteas. É nessa fusão que seu corpo fica submerso, descansando e recebendo uma hidratação carregada de óleos essenciais, até que você estende a mão e alcança um pequeno jarro de porcelana (deixado de lado previamente), que está preenchido com uma rica, escura e espessa emulsão de baunilha. Ao derramá-la lentamente sobre o próprio corpo, novas facetas perfumadas exalam, ao mesmo tempo em que a pele parece ganhar uma camada mais oleosa, quase pegajosa. É o almíscar com seu teor extremamente sedoso.
A cor azul e translúcida do frasco não me incomoda e, verdade seja dita, até me transmite mais veracidade do que se fosse rosa, por exemplo. Julgo ser um ótimo floral para dias e, sobretudo, noites de primavera e verão. A caixa é cheia de charme, com adornos florais e metalizados em estilo de tapeçaria nobre.
Para mim, Boucheron Fleurs revela uma bela transição dentro de uma mesma linha, sem deixar de lado dois aspectos indispensáveis para a grife e para a mulher que usa suas joias: feminilidade e elegância.
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