Chypre Clair foi lançada em 2017 e teve, como conceito criativo, a intenção de ser uma fragrância simples e sofisticada, adaptada para o clima tropical do Brasil. Possui notas de petitgrain, limão siciliano, bergamota e lima da Pérsia, na saída. O corpo agrega notas de chá verde e bambu, entrelaçadas com nuances de flores aquáticas, sobre uma base mais densa com notas de musgo de carvalho e vetiver. Ponto positivo para a empresa, que traz a composição de seus perfumes no material gráfico, bem como na página oficial, na internet.
Antes de falar da evolução do perfume e de seu comportamento, vale a pena explicar o fundamento: o termo Chypre (ou chipre) surgiu de um perfume lançado em 1917, por François Coty, com o nome de Chypre. Normalmente, as fragrâncias deste tipo possuem notas quentes e frias em contraste, como as cítricas e musgosas. Por exemplo: bergamota (no topo) e musgo de carvalho (na base). Você pode descobrir mais sobre esses termos usados na perfumaria, clicando aqui.
Chypre Clair possui estilo atemporal e jamais sairá de moda no universo dos perfumes. O aspecto refrescante dos citrinos ganha profundidade em contato com o musgo de carvalho, que torna a fragrância mais pesada e ajuda a manter, por mais tempo, o olor fresco (e mais volátil) sobre a pele. Na teoria é lindo, certo?
Na prática, não se trata de um perfume fresco com cheiro de chá. É um fresco de cor verde e aspecto azedo, graças ao uso do petitgrain. Não possui o frescor do sumo, mas das cascas, com toda a sua acidez. Então, parece que o perfumista percebeu que precisava dar um toque de suavidade a fim de conquistar, também, o público feminino, já que a raiz da perfumaria (principalmente, a de nicho) preza por fragrâncias unissex. Para tal, ele inseriu as nuances frescas, adocicadas e levemente úmidas da flor de lótus. E ainda pincelou a pirâmide olfativa com um toque de metilionona (mistura de isômeros), que deixou um cheiro leve de violetas.
Embora não seja o ideal e, particularmente, não é algo que gosto de fazer, dá para traçar um aspecto comparativo na assinatura olfativa de Chypre Clair, que me faz recordar de Eau Sauvage (Dior), mas evolui para a beleza luminosa de Cristalle Eau Verte (Chanel).
Chypre Clair possui projeção inicial explosiva, mas esta dura pouco tempo. Em cerca de duas horas fica mais rente à pele. Porém, em termos de durabilidade, consegue se manter de forma considerável, mesmo no calor. Na minha opinião, é a opção mais acertada para quem deseja conhecer os perfumes da casa, mas não gosta de investir em kits de frações. Foi a primeira fragrância que testei e, como dizem por aí, a primeira impressão é a que fica. Em mim, foi positiva!
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Outra excelente resenha.
Obrigado.
Que bela resenha, ótimo texto,explicativo, cheio de informações, uma pequena aula. Adorei e já me deu vontade de usá-lo novamente. O que vai acontecer amanhã mesmo,rsrs. Obrigado!