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CLASSIQUE EAU DE PARFUM, DE JEAN PAUL GAULTIER

Perfumart - resenha do perfume Gaultier - Classique EDP

Senta que lá vem história! O perfume Classique não nasceu com este nome. Era chamado de Jean Paul Gaultier Eau de Parfum quando foi lançado, em 1993. Sua fragrância exuberante misturava notas de rosa, pera, anis estrelado, flor de laranjeira, ameixa, gengibre, orquídea, ylang-ylang, almíscar, baunilha, âmbar e mais algumas notas.

Com o passar do tempo e as mudanças do mercado, além de diferentes versões (flankers) desde o seu lançamento, novas estratégias foram definidas e, em 2007, as fragrâncias ganharam identidades próprias. O nome Classique já havia sido adotado e esta versão EDP foi lançada, trazendo o espartilho rendado no frasco. O perfumista permaneceu o mesmo: Jacques Cavallier, criador de dezenas de fragrâncias de sucesso mundial.

A versão original passou a ser comercializada como Classique Eau de Toilette, enquanto esta versão (em concentração Eau de Parfum) ganhou uma composição diferente. Portanto, fiquem atentas às informações de alguns e-commerces, pois eles costumam repetir a pirâmide olfativa em ambas as versões. 😉 

Classique Eau de Parfum foi construído sobre três ingredientes principais: rosa, orquídea e baunilha de Bourbon, respectivamente, cabeça, coração e base. Contudo, há um toque de essência de rum, na saída, que gera maior impacto. O coração da fragrância conta com um toque floral de narcisos e a base, por sua vez, ganha profundidade com absoluto de sândalo e âmbar.

Na pele, a primeira informação a ficar clara é: Classique EDP não é um perfume para meninas doces e de estilo inocente. Aqui, o foco está nas mulheres sensuais e que gostam de causar impacto por onde passam. A composição mudou, mas o conceito permanece o mesmo. E o resultado é um floriental (termo recente para floral-oriental) de presença marcante, na qual as rosas vermelhas chegam molhadas por uma bebida alcoólica e ganham um toque atalcado, graças à orquídea. Aliás, esta é a grande estrela do perfume, porque interliga o topo e a base como se fossem uma estrutura única, homogênea. Então, a base surge mais cremosa, com forte presença de âmbar e sândalo, que conferem sensualidade na medida certa, no limite entre o sexy e o elegante. E a baunilha está lá, nada adocicada, nada enjoativa, apenas acolhedora.

Consigo sentir grande ligação entre as duas versões, porém, ao mesmo tempo, identifico suas diferenças. Particularmente, gosto mais do estilo extravagante da fragrância Eau de Toilette, com suas notas de ylang-ylang, tuberosa e aquela projeção estupenda, que estabeleceu o sucesso da grife. Esta aqui é mais contida, ainda que possua maior concentração. E a impressão que tenho é que utilizaram flankers lançados nesse meio tempo (L’Eau d’Ete e Corset Couture) como fonte de inspiração para esta composição.

Ainda assim, Classique Eau de Parfum é um verdadeiro convite para uma noite quente e sensual, daquelas que não terminam com beijinho de bom dia e café da manhã romântico, mas com um recado provocante deixado no espelho do banheiro, escrito com batom e com gosto de quero mais. E cá para nós, é bem o estilo de Jean Paul Gaultier, não é verdade?


 

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BORRIFANDO CONHECIMENTO HÁ ANOS. Crítico de fragrâncias, jurado de premiações nacionais nas categorias de perfumaria fina e cosméticos masculinos, além de consultor particular de estilo em fragrâncias e criador do Perfumart, maior blog especializado no assunto.

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