Tabac d’Or foi lançado em 2017 e seu nome significa Tabaco de Ouro (ou Tabaco Dourado), em Língua Portuguesa. Sua fragrância foi inspirada no tabaco e em suas diferentes nuances aromáticas.
A fragrância foi construída com notas de goiaba e toranja, no topo, seguidas por um coração mais quente, que carrega notas de pimenta negra, mirra, benjoim e heliotrópio, sobre uma base gourmand de baunilha, fava tonka, patchouli e, é claro, tabaco. Vale lembrar, novamente, que as informações estão no material gráfico da empresa, bem como na página oficial, na internet. Inclusive, há uma observação sobre o uso deste perfume na roupa, que achei de extremo cuidado e respeito com o consumidor. Mais uma prova de que tem gente, por trás do processo, que entende dos riscos e dos benefícios de alguns perfumes.
Tabac d’Or é a criação mais próxima daquilo que os seguidores de Fábio Condé esperavam encontrar em fragrâncias que tivessem o seu nome. É encorpada, segue as tendências mundiais, é intensa e possui bela evolução, além de se aproximar do que os brasileiros entendem como perfume de nicho. Digo isso porque, infelizmente, há uma péssima articulação do assunto por parte de alguns ditos especialistas, que pregam a ideia de que perfume de nicho é apenas algo “mais exclusivo e diferenciado”.
Voltando ao que interessa, Tabac d’Or é o perfume mais misterioso e sedutor da coleção inicial. Carrega todo aquele aspecto noturno de um perfume oriental e gourmand, sem perder a beleza em horários mais diurnos, desde que usado em temperaturas mais baixas.
Particularmente, eu não gostei da saída. Assim que a fragrância é borrifada, há um cheiro medicinal muito forte. Por sorte, esse cheiro some em questão de minutos e a evolução começa a trazer surpresas inesperadas. Durante a maior parte do tempo, o coração pulsa com força. Há muita presença de benjoim, com seu cheiro de baunilha cristalizada, além do teor adocicado do heliotrópio. Devo confessar que não sinto muito a pimenta na minha pele, mas a mirra, por sua vez, grita! Já a goiaba, não fez a menor diferença e, pelo visto, não faz a menor falta.
Tabac d’Or insiste em trazer uma nuance licorosa, como se fossem gotas de um bom Creme Irlandês. E isso ocorre por causa do tabaco. Ao mesmo tempo, há um sutil esfumaçado no fundo, que faz lembrar que a mirra continua viva e pulsante, no mesmo ritmo do coração da fragrância. Então, em uma evolução lenta, a baunilha surge – cremosa e grudenta – de mãos dadas com a fava tonka e sua nuance amendoada.
O resultado é um perfume confortável e elegante, ainda que doce e licoroso. Na minha opinião, Tabac d’Or não é baladeiro, mas é o que mais se aproxima dos que buscam algo nesse sentido. É, também, o mais provável de agradar às mulheres, tanto aquelas que o usam, quanto aquelas que o sentem nos outros.
A projeção é boa e a fixação é extraordinária. Mesmo depois de horas, se a temperatura do corpo aumenta, por algum motivo, o perfume volta a exalar como no início.
Fábio Condé conseguiu engarrafar um perfume que, na minha imaginação, só funcionaria através de um layering envolvendo fragrâncias como The Dreamer (Versace) e Spiritueuse Double Vanille (Guerlain) ou Pi (Givenchy), por exemplo. Algo me diz que será o mais procurado e o mais vendido. Vale conhecer!


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Ótima análise. Continuaremos a maratona a qualquer momento…
Grato.
hauhauhauha maratonou mesmo, pelo que vi aqui nos comentários!
Mas uma bela resenha, Cassiano! E muito obrigado por aquele seu vídeo que está no seu canal do Youtube que explica sobre o que é perfumaria de nicho…
Cassiano, somente uma sugestão, acho que seria legal, você colocar os seus videos do youtube aqui na pagina também… 🙂
Obrigado Renan!
Já pensei em fazer isso: colocar em um post no blog como notícia nova ou em algum plugin de youtube.