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DESERT ROSEWOOD DE GOLDFIELD & BANKS AUSTRALIA

Perfumart - resenha do perfume Goldfield&Banks - Desert Rosewood

 

O perfume Desert Rosewood foi lançado em 2016 e foi criado por François Merle-Baudoin. A inspiração foi a região conhecida como Central Highlands, em Victoria, que são as Terras Altas Centrais ou, como chamamos em Português, o Planalto Central. A área possui muita diversidade natural, incluindo florestas repletas de murtas, sassafrás, samambaias, musgos, eucaliptos e até acácias australianas, chamadas de Golden Wattles (Acacia Pycnantha Benth).

O conceito criativo visa retratar o encontro do velho com o novo, das árvores com as áridas paisagens sob o sol escaldante. E esse contraste é feito através de uma fragrância adocicada e amadeirada de aspecto coriáceo e quente. Para tal, foram combinadas notas de jacarandá do deserto da Austrália, mandarina da Sicília, cardamomo da Índia, benjoim do Laos, baunilha das Ilhas Comores, patchouli da Indonésia e madeira Buddha da Austrália (Eremophila Mitchelli), que é chamada de “falso sândalo” e seu óleo essencial possui nuances que lembram uísque.

Desert Rosewood é classificado, pela empresa, como um perfume amadeirado, licoroso, gourmand e místico. Quando aplicado, tem cheiro de geleia de mandarina, ainda morna, preparada com pedaços de canela e cravos-da-índia e traz algumas nuances canforadas. Essas nuances desaparecem, pouco tempo depois, e fica um misto de madeiras leves e sem aspecto de umidade, além de grande presença de benjoim.

Durante toda a evolução, um cheiro licoroso se faz presente, como se uma bebida forte tivesse sido derramada no tapete da sala de estar, durante uma visita de amigos. Não é algo que incomoda, mas que todos sentem. Para mim, este é o maior diferencial desta criação. Embora a baunilha esteja presente, o benjoim teve maior destaque na minha pele, reforçando o aspecto oriental da fragrância.

Adoro a rica cor de âmbar, representando o deserto crepuscular, dentro do frasco produzido com vidro francês. Quanto à projeção, trata-se de uma fragrância de baixo rastro e muito conforto. Exala para quem usa e chama atenção de quem se aproxima o suficiente para senti-la. Possui alta duração.

Embora fale do deserto, não deve ser relacionada com fragrâncias que retratam as areias escaldantes do Oriente Médio, mas com paisagens arenosas e de brisa constante. É perfeita para ocasiões especiais, jantares românticos e noites mais sensuais, exceto baladas e pistas de dança. Isso porque, na minha opinião, Desert Rosewood não combina com calor ou suor, mas com um terno bem cortado ou um vestido de perfeito caimento, quando os sapatos de salto chamam mais atenção do que a roupa em si e o perfume é usado como arma de sedução. Vale lembrar que as fragrâncias de Goldfield & Banks são livres de gêneros.

Desert Rosewood é o resultado do encontro das madeiras com as especiarias, mergulhadas na acidez de um sumo cítrico e doce. Sem dúvidas, um belo perfume oriental.


 

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BORRIFANDO CONHECIMENTO HÁ ANOS. Crítico de fragrâncias, jurado de premiações nacionais nas categorias de perfumaria fina e cosméticos masculinos, além de consultor particular de estilo em fragrâncias e criador do Perfumart, maior blog especializado no assunto.

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