Dior Homme Parfum é o que podemos chamar de evolução da evolução. Se formos analisar a linha cronológica dentro da família Dior Homme – com exceção das versões Sport – temos Dior Homme Cologne (2007), que foi uma versão mais leve e “diluída” de Dior Homme Eau de Toilette e, na outra ponta, Dior Homme Intense, que foi a perfeita versão aprimorada deste, com grande respeito ao DNA da fragrância base e em concentração Eau de Parfum.
Então, em setembro de 2014, após algumas variações e reformulações, a Dior anunciou esta versão Parfum, provando que nem sempre uma fragrância que é feita sobre uma nota chave (neste caso, a íris) é, necessariamente, um exemplo de falta de criatividade.
Eu ganhei uma fração de um grande amigo e usei por três dias consecutivos, na melhor das situações: em clima frio, com temperaturas abaixo dos 8°C e sensação térmica em torno dos 3°C. Eu já sabia que este perfume merecia esse tipo de cuidado, pois quem conhece a linha Dior Homme sabe que, se usada em temperaturas muito quentes, a fragrância pode desandar. E se a versão EDP já exigia atenção, a versão Parfum requer um cuidado ainda maior. Portanto, já deixo aqui a verdade nua e crua: Dior Homme Parfum não foi criado para o clima quente do Brasil, definitivamente. Mas, por outro lado, se formos pensar assim, só iremos usar fragrâncias cítricas e frutais, certo? E isso não acontece na prática. Começando por mim, que adoro perfumes mais fortes e opulentos (para não dizer incômodos).
Os três acordes principais (visíveis nos frascos dos provadores) são: absoluto de íris da Toscana, no topo; sândalo do Sri Lanka, no corpo; acorde de couro, na base. Mas a fragrância não traz só essas nuances. Há, também, óleo essencial de laranja da Itália, absoluto de rosa Damascena e sementes de ambrette. Sem falar no resto de informações (não oficiais) que garantem a presença de cedro, baunilha e oud.
E como ele reage na pele? Bem, existem perfumes com notas de couro, dos quais você quase não nota o cheiro, ou então, que apresentam nuances mais puxadas para a camurça, transmitindo conforto. E tem aqueles em que o couro é muito vivo, resultando em um acorde que vai desde o seco ao esfumaçado. Este é o caso de Dior Homme Parfum!
Quando atinge a pele, o brilho inicial do óleo da laranja é, praticamente, sufocado pelo teor seco do couro. A íris de outrora está lá, mas o couro não perdoa e domina, em uma batalha cuja vitória não foi anunciada previamente. Então, um misto de açafrão com nuances fumarentas de alcatrão (daquelas existentes no fumo do tabaco) toma conta do ambiente e só cede depois de quase uma hora de aplicação na pele, quando o cheiro familiar da versão Intense (EDP) começa a aparecer, trazendo de volta o DNA da família Dior Homme.
Sem dúvidas, a Dior – através do seu perfumista oficial, François Demachy – acaba de oferecer uma fragrância com qualidade de nicho, dentro de uma linha mais voltada para o público de designer, sem precisar vendê-la como um item de coleção exclusiva.
A fixação é estupenda! Mais de 12 horas na pele e a certeza de que a fragrância irá grudar na gola da camisa ou do casaco. Mas não é um perfume de alta projeção. Em mim, exalou menos do que a versão Intense. Entretanto, cabe lembrar que eu usei em clima frio. Com certeza, quanto mais quente for a temperatura, mais forte ele irá exalar. Porém, eu limitaria o seu uso a temperaturas de, no máximo, 20°C.
Com relação ao frasco, manteve a identidade visual da linha, mas requer um pouco de atenção, pois pode ser confundido com o da versão Intense, embora o líquido seja mais escuro. Na minha opinião, merecia um detalhe diferenciado: talvez um friso ou aquele tubo interno em dourado, por exemplo.
Se você gosta da linha Dior Homme, Dior Homme Parfum não irá lhe decepcionar.
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Boa tarde Cassiano. Queria saber por que esse perfume da Dior é tão difícil de se encontrar aqui no Brasil?
Há casos nos quais os distribuidores decidem não importar certas fragrâncias, porque o preço final vai sair muito alto e o produto vai ficar encalhado nas lojas.
Isso não é tão raro de acontecer. Por isso existem versões em “parfum” ou “extrait”, além de algumas edições limitadas, que não chegam por aqui.
me fez ficar mais curioso nele, mas ainda não achei pra comprar…
Obrigada mais uma vez, Cassiano!
Adorei a resenha, Cassiano! Parabéns! Vc acha q ele é compartilhável ou essa faceta de couro mais seco deixa ele mais “masculino” ? Tenho usado muito o Dior Homme e a cada dia fico mais apaixonada! Agradeço a sua atenção!
Oi Lou, obrigado.
Olha, eu acho que perfumes não tem muito essa coisa de rótulos. Mas também, se não fossem os rótulos, a gente compraria manteiga sem sal, quando precisa com sal, né? risos
Neste caso, embora a fragrância tenha ficado com muita pegada de nicho, eu acho que o couro a deixou muito viril e marcante. Diferente da versão Intense (EDP), que é mais gourmand e compartilhável, eu acho que esta pode não vestir muito bem a pele de uma mulher.
Sensacional a descrição sobre o Parfum. Realmente a linha Dior é de dar inveja mesmo.
Obrigado Fernando!
Realmente, a Dior apresenta qualidade em todas as suas fragrâncias, mas a família Dior Homme é, na minha opinião, a mais completa dentro das marcas “designers”.