Fougère Nobile faz parte da coleção unissex, que tem como padrão de apresentação o rótulo metalizado, frascos de 100ml e uma caixa cuja estampa remete ao padrão geométrico de fachadas de pedra dos palácios históricos, igrejas e catedrais, como uma homenagem à Liguria, terra que adotou a empresa. Essa linha é chamada de I Rigati (As listras) e conta, atualmente, com seis perfumes disponíveis, já que Lavanda Nobile deixou de ser produzido.
Fougère Nobile foi lançado em 2015 e teve, como conceito criativo, retratar o estilo do cavalheiro de uma época, mais precisamente, em 1946. O pano de fundo para o surgimento do conceito criativo fala de uma visita envolvendo Umberto e seu filho, Vittorio, ao seu alfaiate, na cidade de Turim, em 11 de junho de 1946. Na época, tecidos como Tweed e Oxford haviam acabado de chegar de Londres e logo viraram artigos indispensáveis na vestimenta dos distintos senhores da alta sociedade. E foi lá, nesse ateliê, que o pequeno Vittorio viu um frasco e borrifou sobre seu pai uma fragrância que, de acordo com o alfaiate, simbolizava o “cheiro do renascimento”, se referindo à formação da República.
Fougère Nobile faz você esquecer de tudo o que acredita saber sobre perfumes fougère, construídos com notas de bergamota, lavanda e uma base de musgo de carvalho. Aqui, há uma ligação com a tradição e os tempos atuais, como o sonho de um futuro melhor. Era disso que o tal alfaiate falava ao citar o cheiro do renascimento.
A fragrância possui notas de lavanda, bergamota, absoluto de manjericão e pimenta preta, que se fundem com notas de elemi, gerânio e Aldeído C12, sobre uma base cremosa de tabaco, vetiver, fava tonka, patchouli, sândalo e almíscar branco.
Esse Aldeído C12 é o nome dado ao sintético composto por uma cadeia de 12 carbonos. Costuma ser mais usado na perfumaria fina e confere volume e força à fragrância, ampliando, inclusive, seu poder de projeção. No caso do C12 (ou C12 MNA) o resultado costuma puxar para o adocicado, ao contrário do teor metalizado do aldeído C11, por exemplo.
Na pele, Fougère Nobile é mais do que uma história, mas uma forma de rever conceitos. Há um misto entre o verde e o amendoado; o balsâmico e o floral; o cremoso e o mentolado. Embora não tenha apresentado etapas distintas na minha pele, é um perfume multifacetado e atemporal. Todas as vezes que uso esta fragrância, sinto como se fosse uma versão mais atual do clássico Pour Un Homme, de Caron (1934).
Consigo sentir um efeito old school, nuances de fragrâncias que remetem ao cheiro de barbearia, o lado mentolado do gerânio, a cremosidade da fava tonka, o adocicado melado do tabaco, etc. E tudo funciona de forma muito aconchegante e elegante. E o melhor: embora tente retratar o homem cavalheiro, não é uma fragrância exclusivamente masculina.
Fougère Nobile retrata bem a imagem daquele que valoriza a família; é sábio e tem sede por conhecimento; possui sensibilidade e se considera um genuíno romântico; aquele homem que exala charme e não usa fragrâncias convencionais ou que estão na crista da moda.


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