La Villette 470 foi lançado em 2021 e faz parte das fragrâncias criadas para o público feminino. O perfumista responsável pela sua fragrância foi Olivier Cresp, que contou com a ajuda de seu filho, Sébastien Cresp, e é referência na perfumaria mundial.
O conceito criativo fala do Parc de La Villette, que é o maior parque de Paris e foi construído sobre uma área que era utilizada para abatedouro. O plano de revitalização se deu através de um concurso internacional que recebeu mais de 470 submissões, dentre as quais foi escolhido o projeto de Bernard Tschumi. Eis a razão do nome deste perfume.
Hoje, o parque abriga muitos eventos culturais, pelos quais Olivier Cresp nutre um certo carinho. E foi pensando na mulher que vai aos concertos musicais em La Villette, que nasceu a inspiração para esta fragrância chipre moderna, reforçando os códigos de elegância das francesas.
Na composição, notas de mandarina, bergamota e framboesa, no topo. O corpo revela notas de jasmim Sambac, rosa e flor de laranjeira. Na base da pirâmide olfativa foram combinadas notas de patchouli da Indonésia, sândalo e acorde de pralinê.
La Villette 470 é uma fragrância de bastante refinamento. O perfumista fez questão de reforçar o uso de matérias-primas de alta qualidade e o cenário imaginado é noturno. Todavia, a mulher brasileira não representa essa musa inspiradora de Olivier, porque não é esse o tipo de fragrância que o nosso público feminino consome para eventos noturnos, exceto aquele grupo de consumidoras que exalam elegância e frequentam museus, teatros, restaurantes e reuniões privadas entre amigas, nas quais a cerveja gelada e a música alta dão lugar ao champanhe e ao som do piano de cauda.
Na pele, La Villette 470 explode como um suco de citrinos adoçado pela framboesa, que traz nuances parecidas com a da rosa, porém, é mais pegajosa. Então, o jasmim indiano entra em cena e revela suas facetas verdes e frescas, sem abrir mão da opulência. A rosa aqui, vem da “L’Essence de Grasse”, um óleo exclusivo composto a partir das Cinco Colheitas Excepcionais de Grasse, no Sul da França: rosa, lavanda, mimosa, sálvia e folhas de violetas. E para dizer a verdade, consigo sentir o lado mais aromático da sálvia depois de um tempo, mas é muito discreto e só exala quando a pele está mais quente.
A evolução é linear e o patchouli traz nuances mais adocicadas e um acabamento vertical, que funciona muito bem nas composições chipres. A propósito, La Villette 470 reproduz a mesma estrutura de outros chipres modernos já lançados, mas não exagera nas frutas de abertura, como pêssego ou groselha. O perfumista mirou na simplicidade aliada à qualidade e acertou em cheio!
A performance é excelente e a fragrância é, na minha opinião, facilmente compartilhável. E para a sorte da marca O.U.i, La Villette 470 pode até não ser o tipo de fragrância que a mulher brasileira costuma usar à noite, como imaginou Olivier Cresp, mas ela se encaixa, perfeitamente, em diversas ocasiões de uso diurno, pois tem versatilidade, não é doce, é sofisticada e funciona muito bem no nosso clima.