L’Expérience 706 é de 2021 e faz parte das fragrâncias de O.U.i que visam alcançar o público masculino. A perfumista responsável pela sua fragrância foi Nathalie Lorson, que já criou para marcas como Azzaro, Boucheron, Chopard, Giorgio Armani, Lalique, Parfums de Marly etc. e também está por trás das fragrâncias de Iconique 001 e Scapin 245, para a O.U.i.
O conceito criativo gira em torno do Dia Internacional do Beijo, que em alguns países é comemorado no dia 06/07, enquanto em outros a data é celebrada em 13/04. E apesar de o padrão francês para datas ser como o nosso (dia/mês/ano), historicamente a data começou a ser celebrada no Reino Unido e, por essa razão, o padrão muda para mês/dia/ano, ou seja, 07/06. Por isso, esse número ao lado do nome.
A perfumista se inspirou no homem curioso por natureza, que está sempre em busca de novas descobertas e experiências. E para esse indivíduo, a intenção era criar um fougère – por ser um estilo tradicional no universo de fragrâncias masculinas – com uma evolução lenhosa. Para tal, combinou notas de bergamota, gengibre e toranja, sobre um corpo de sálvia, folha de violeta e tomilho, que descansa sobre uma base amadeirada de musgo, patchouli, vetiver e sândalo. Mas Nathalie revelou, em conversa com Pierre Aulas, que também fez uso de sementes de cardamomo da Guatemala e folhas de gerânio, embora não tenham sido listadas.
Na pele, L’Expérience 706 é um pouco mais confusa do que eu esperava. A abertura é cítrica, porém adocicada em demasia, revelando uma fragrância fougère-oriental para jovens baladeiros. Desta vez, parece que ao invés da sálvia comum, trabalharam com a sálvia esclareia, mais balsâmica e ambarada. E junto com o tomilho, de gosto terroso e aroma mentolado, o resultado não me agradou de imediato e esta não seria uma fragrância que eu compraria baseado em uma fita olfativa, dessas que são entregues na porta das lojas durante ações promocionais ou de lançamento.
Mas como o certo mesmo é experimentar na pele e esperar um tempo até que a mágica se revele, com L’Expérience 706 não foi diferente e a evolução acabou demonstrando um lado mais sóbrio e uma secagem esfumaçada, que melhora com o passar do tempo e se torna mais amadeirada e seca, sem o dulçor de antes. Gosto mais dessa etapa, quando sinto mais as notas de patchouli e musgo e percebo que o sândalo não se sobrepõe ao cheiro do vetiver, tentando dominar tudo com a sua cremosidade típica.
Na minha pele, L’Expérience 706 tende a perder projeção, mas se mantém por muito tempo. Mesmo assim, dentre as fragrâncias masculinas já lançadas pela marca, é a que menos gosto. Ela parece indecisa, no meio de uma ponte que balança muito e não é segura, sem a versatilidade aromática de Hôtel de Ville 193 ou a cremosidade elegante de Iconique 001.