L’Amour-Esse 142 é de 2021 e faz parte das fragrâncias criadas para o público feminino. O perfumista responsável pela sua fragrância foi Fabrice Pellegrin, que já criou para marcas como Agonist, Azzaro, Boucheron, By Kilian, Jean Paul Gaultier, Diptyque, entre outras.
O conceito criativo partiu da fama que os franceses têm de serem os melhores amantes do mundo e de como seria a fragrância da mulher que fica à espera de seu amor, na hora dos encontros. Aliás, o número 142 representa a data 14 de fevereiro, quando se comemora o dia de São Valentim, que é o dia dos namorados em vários países. Classificada como floral-branca, reúne notas de pimenta rosa e frésia, no topo; Flor de laranjeira, ylang-ylang e heliotrópio, no corpo; Sândalo, baunilha e almíscar, na base.
Na pele, L’Amour-Esse 142 se mostra uma fragrância bem-sucedida, tendo como parâmetro o seu ponto de partida, que tende a nos revelar algo que a maioria das mulheres já conhece. Não é completamente estranho pensar em coisas do tipo: “mais uma variação do La Vie Est Belle?”.
Entretanto, L’Amour-Esse 142 revela um equilíbrio mais imediato e reforça que pequenos ajustes em determinados acordes são capazes de mudar, completamente, a evolução de uma fragrância. Especialmente, se as matérias-primas forem de melhor qualidade. Aqui, é preciso entender que um único fornecedor terá o mesmo ingrediente com qualidades e valores diferentes. E isso também influencia – e muito – no resultado.
Na minha pele, L’Amour-Esse 142 abre com uma frésia mais seca (não chega a ser completamente atalcada) e, rapidamente, revela um buquê opulento e vibrante. O ylang-ylang vem com mais facetas de jasmim e aspecto acetinado e domina a maior parte da evolução e, consequentemente, da secagem. A flor de laranjeira confere um ar de frescor e dá o equilíbrio necessário para conter o dulçor que eu imaginava, quando borrifei pela primeira vez.
De forma sutil e elegante, o heliotrópio traz uma sensualidade cremosa e a base ganha tons de baunilha, sem ficar enjoativa demais. O buquê floral ganha, então, tons amadeirados e um reforço de longevidade, graças ao almíscar.
O que antes me parecia mais um flanker com uso de Ethyl-Maltol, acabou se revelando mais contido e, como citado anteriormente, mais equilibrado. E quando fazem comparações com a fragrância de La Victorie Intense (Eudora), vale dizer que elas não são totalmente infundadas. No entanto, esta última é mais frutada e espumante, com um lado floral mais agressivo e uma secagem mais adocicada. Já L’Amour-Esse 142 exala com mais força e possui uma bela e incansável nota de flor de laranjeira.
No final das contas, elas pertencem à mesma família (Grupo Boticário) e são como primas que vivem em países diferentes. De férias no Brasil, a prima francesa vai para a quadra de samba, sem saber sambar. É mais contida e balança os braços com os dedos indicadores apontados para o alto. Já a prima brasileira é mais voluptuosa e tem samba no pé. Elas possuem gostos parecidos para fragrâncias, mas seus perfumes são fabricados em países diferentes e, por isso, também apresentam preços diferentes.
Para quem assume, sem culpa, que não investe em perfumes nacionais, porque os importados apresentam um melhor custo-benefício, aqui está um perfume importado que pertence à uma empresa nacional. E o frasco (recarregável) não deixa nada a desejar para os que são utilizados por grifes como Boucheron ou Annick Goutal, por exemplo.
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