Depois do sucesso com seu primeiro perfume feminino, lançado em 1992, Issey Miyake resolveu lançar a sua primeira fragrância masculina. Em 1994, nascia L’Eau D’Issey Pour Homme, criado pelo mesmo perfumista de antes, Jacques Cavallier.
Em pouco tempo, este perfume tornou-se referência de elegância e frescor, através de sua composição aquática e amadeirada. E ainda hoje, mesmo depois de duas décadas de seu lançamento, continua atraindo usuários em todos os cantos do mundo.
A composição que se encontra na mídia especializada permanece a mesma, embora a fragrância já tenha sofrido reformulação (aparentemente, em 2013). Reformulações nunca são divulgadas de forma ampla e oficial, salvo em raros casos, como aconteceu com Dolce&Gabbana Pour Homme, em 2012.
L’Eau D’Issey Pour Homme conta com notas de bergamota, limão, mandarina, yuzu, sálvia esclareia, coentro, cipreste, estragão selvagem e verbena fresca. Isso tudo, só na cabeça! No corpo, a fragrância possui notas de canela, noz-moscada, mignonette (Reseda), lótus, lírio do vale, gerânio e açafrão. Por fim, no fundo, notas de almíscar, cedro, sândalo, vetiver do Haiti e tabaco. E, finalmente, começaram a listar o uso de sintéticos como Calone e Cypriol na fragrância.
Na minha pele, pelo menos, este perfume se desenvolve como um floral-aquático, cheio de nuances cítricas e herbais e pouco conteúdo amadeirado ou especiado. Para ser sincero, nem dá para acreditar que possui noz-moscada, canela ou açafrão.
Para muitos, a estrela é o yuzu com seu teor cítrico e azedo. O yuzu pode ser chamado de laranja yuzu ou limão yuzu. Isso se dá pelo fato de ser uma fruta cítrica, de origem asiática, que pertence à família da toranja, apresentando tons entre o verde e o amarelo. Possui sabor similar ao da uva, com um toque de tangerina, e aroma similar ao da lima, que também conhecemos como laranja-lima, mas que é mais azeda e produz suco parecido com o do limão, muito utilizado para temperos.
No entanto, na minha pele, a verbena também brilha bastante. Junto com a acidez do yuzu, resulta em um forte cheiro de capim-limão condimentado pelo coentro e aromatizado pelo estragão, aqui bem herbal. Do corpo, só sinto as nuances florais e luminosas. Percebo a flor de lótus, o lírio e a Reseda. E da base, depois de um certo tempo, o cedro e o vetiver, este muito discreto.
L’Eau D’Issey Pour Homme é uma lenda de frescor e isso é inegável. Mas está longe de ser a fragrância que já foi um dia, com projeção e fixação extremas, indo contra todas as teorias da volatilidade. Atualmente, se parece com fogos de artifício, que explodem, chamam atenção e depois somem como fumaça. O cheiro da fragrância não mudou, mas a projeção é bombástica por cerca de uma hora e depois começa a decair, vertiginosamente. Na minha pele, dura por cerca de sete horas (em temperatura média de 34ºC), mas preciso me esforçar para sentir qualquer resto de perfume. Antigamente, passava das 10 horas sem esforço.
Portanto, consigo entender algumas críticas de quem está conhecendo a fragrância atual, a revolta de quem já a conhece há anos e o conflito que isso gera. E me pergunto: como ela deve reagir em lugares mais quentes, como no Rio de Janeiro, por exemplo, com calor de mais de 40ºC?
O fato é que L’Eau D’Issey Pour Homme não aguenta mais o verão brasileiro e requer reaplicações. Mas ainda faz bonito, principalmente, em noites bem quentes.
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bom, se tem calone, tô fora.
detesto essa molécula, nem deveria existir, essa é a verdade, mas os perfumistas insistem em usar. aquele cheiro de clara de ovo é horrível.
Não é todo mundo que sente cheiro de ovo.
Boa tarde Cassiano. Uso o Leau D’Issey desde seu lançamento e nuca consegui, ou tive oportunidade e tempo, de encontrar um substituto. Lendo sobre a mudança na formulação, realmente ele deixou de ter aquela presença marcante. Quais perfumes você acha que possuem o mesmo frescor e elegância hoje em dia?
Como esta fragrância, não conheço igual. Mas vale ressaltar que reformulações, na maioria das vezes, são necessárias, quando não obrigatórias.
Normal, Cassiano. Tenho muitos amigos que falam que até acham o perfume gostoso, mas não compram. Eu uso somente para o ambiente de trabalho, mas me apaixonei por ele quando eu ainda usava o mesmo perfume para todas as ocasiões o momento. Eu usava o mesmo Presence para trabalhar ou sair de bermuda e chinelo, rs. E me apaixonei por ele porque a primeira vez que o usei foi quando eu estive envolvido com uma mulher que me marcou muito em 2008. Ela amava esse perfume. Depois que terminamos, parei de usá-lo por um tempo, até superar, depois voltei a usá-lo somente no trabalho ou reuniões externas.
Eu senti há alguns anos o Legend. Gostei muito, mas ainda não comprei também. Difícil abandonar os que uso. Sou meio conservador para algumas coisas.
Em relação a essas reformulações, alguém sabe algo sobre o Montblanc Presence? É outro perfume que eu passava às 7:30 para trabalhar e alguém comentava sobre ele às 18hs quando sentava-se à mesa comigo para um happy hour. Agora, parece que a projeção não dura uma hora. Ainda fixa bem, mas fica bem rente à pele. O que mudou foi a projeção e o período dela. Alguém sabe de algo? Pensei que pudesse ser minha pele que estivesse mudando, mas outros perfumes como o Higher da Dior, Acqua di Gió e Lacoste Blanc continuam durando e projetando muito na minha pele.
Essa vou ter que passar. Esse é um perfume que nunca me despertou interesse, acredita?
Realmente, não tem mais a mesma fixação e projeção. Há alguns meses, eu fui até injusto com uma loja que me vendeu. Eu disse que a fragrância não era original, só que a última vez que a usei foi em 2009, depois o troquei pelo Higher da Dior.
Só depois eu descobri que ele teve essa reformulação. Eu fui até a loja novamente, mesmo depois de alguns meses, e pedi desculpas à vendedora e expliquei tudo. No período em que o usei, de 2005 até 2009, não tinha uma só vez que eu saía de casa e não recebia elogio de alguma mulher. Infelizmente, não é mais assim… ou eu fiquei mais feio, rs.
Em tempos de redes sociais e críticas destrutivas (ao invés de construtivas) acerca da originalidade de várias fragrâncias, me alegra ver alguém que admite quando erra e toma tal atitude. Acredito que a vendedora deva ter ficado impressionada com o relato e isso irá ajudá-la nas próximas vendas. Parabéns e obrigado por esse comentário por aqui!
Achei tão parecido com o ck one.
Olá, ótimo post 😉 E realmente esse atual está diferente do antigo. Vc soube algo sobre o novo Arbo Ocean ser inspirado no L’Eau D’Issey? Vi alguns comentários na blogosfera de que seria, mas não achei muito não. A loção até lembra mais, pq tem algumas notas marcantes e “ardidinhas” que duram 2h na pele…mas a amostra do perfume que ganhei, é muito sem sal, não dura 1h e some totalmente. 🙁 E o mais irônico, achei que a loção, quase nada tem a ver com o perfume.
Não conheço o Arbo Ocean.