Massai foi desenvolvido em 2019 e pertence à Linha Botânica de perfumes criados por Maria Paula Franco. Sua fragrância é classificada como aromática-amadeirada e a inspiração veio de uma viagem à Tanzânia.
Com base em plantas locais, que foram trazidas e transformadas em tinturas, Massai presta homenagem ao povo Massai, que é composto por indivíduos seminômades, nativos do Quênia e do norte da Tanzânia, conhecidos por sua amabilidade e costumes.
A fragrância de Massai tenta retratar esse cenário exótico e selvagem que abriga várias espécies de animais. Contém notas de Litsea Cubeba (pequena árvore tropical, cheia de folhas que cheiram como o limão e a verbena), orégano, Ho Wood (louro do Japão), madeira de cabreúva, vetiver, imbuia, raiz de angélica, nardo verde e OUD.
Aqui temos um belo exemplo da Perfumaria Indie brasileira capaz de confundir qualquer conhecedor/colecionador de fragrâncias da Alta Perfumaria, como sendo uma criação assinada por Christopher Sheldrake para a grife de Serge Lutens.
Massai é balsâmico e resinoso. Na pele, apresenta uma vertente oleosa e aromática, com bastante presença do orégano. Essa saída herbal, com aspecto de temperos culinários, carrega um efeito levemente canforado e revela uma fragrância amadeirada e distinta.
Massai é forte e deixa a pele com um cheiro que faz lembrar de óleo corporal para massagens profissionais. Seu vetiver terroso se funde às nuances mais musgosas do nardo e reforça o perfume seco que exala da madeira de imbuia. E a base traz um pouco de OUD, aqui responsável pela secagem mais esfumaçada da fragrância.
Em termos de performance, Massai não desaponta e, verdade seja dita, pode até incomodar. Dentre as fragrâncias da marca que pude explorar até o momento, esta é a mais singular e desafiadora. Parece um incenso queimando lentamente, mas sem qualquer teor floral ou adocicado, como o que encontramos naquelas varetas de preço baixo que fazem sucesso com cheiro de rosa branca, mel ou lavanda. Aqui, a qualidade é outra e o resultado impressiona.
Massai me transporta para templos fechados com ricos detalhes em seus interiores, além de cânticos que ressoam em eco. Ao invés de imaginar as belezas de Zanzibar ou a indomesticada paisagem do Serengeti, me sinto dentro do Sanatan, um templo hindu localizado na cidade de Mwanza. Bela descoberta!
*imagem: reprodução / alquimiaporpaulafranco.com.br


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