O perfume Miss Dior surgiu, pela primeira vez, em 12 de fevereiro de 1947, quando Christian Dior decidiu apresentá-lo junto com o seu primeiro desfile. O nome foi dado quando sua irmã, Catherine, chegou de surpresa e Mitzah Bricard, conselheira do estilista, disse: “Veja, é a Miss Dior!”
Seu sucesso impulsionou a criação de mais de 20 variações, servindo de pilar para o lançamento de novas linhas e edições limitadas, como Miss Dior Chérie, em 2005. Porém, em 2012, a Dior decidiu renomear a família de fragrâncias, acabando com o nome Chérie e lançando um novo Miss Dior Eau de Parfum.
Em 2017, após reformulação, uma nova fragrância chegou ao mercado, deixando para trás um estilo chipre moderno e trazendo um novo chipre carnal, que combina notas de bergamota da Calábria, laranja-sanguínea e mandarina (topo); Rosa de Grasse e rosa Damascena (corpo); Jacarandá e pimenta rosa (base). Na época, estive presente no evento de lançamento promovido pela grife e publiquei algumas fotos, mas esta abaixo não havia sido divulgada até então.
Na pele, o novo Miss Dior Eau de Parfum traz tudo o que se espera encontrar em uma fragrância feminina: poder, sedução e rastro. A bergamota não é mais onipresente, pois a suculência vem dos outros citrinos. O mix de rosas ganhou um peso diferente, como se fosse uma geleia feita com as pétalas caídas e os botões verdes que foram descartados durante a colheita matinal. E o jacarandá, de onde pode ser extraído o Linalol natural, confere um cheiro de madeira frutada, que acabou trazendo uma faceta similar à do patchouli.
Essa reformulação foi bem recebida? Não, por diversos motivos. As pessoas continuam confusas com tantas reformulações, além do repackaging obrigatório com a mudança dos nomes. Para piorar, as comparações são inevitáveis e muitas usuárias não enxergaram o devido respeito ao DNA da versão anterior, de 2012.
Por outro lado, o público que não teve contato com a versão anterior, tampouco com as fragrâncias da extinta linha Chérie, se apaixonou por este Miss Dior EDP e eu entendo o motivo. Nesta criação, é possível gostar das rosas, sem precisar sentir aquele cheiro literal, que lembra um passeio por um jardim florido, por exemplo. Além disso, ainda em 2017 o mercado se rendia ao composto Ethyl Maltol e suas nuances doces, que foram exploradas de diversas maneiras e relacionadas à nota de patchouli. E esta versão de Miss Dior tem um pouco dessa pegada mais doce, resultando em um floral-gourmand de abertura frutada e secagem picante, com excelente projeção e alta duração.
Não foi a invenção da roda, mas também não foi um total tiro no pé. Para mim, foi como um movimento arriscado da Dior em um jogo de xadrez, cujo tabuleiro representava o mercado, e as peças, as suas variáveis (público, investimento, etc.). Sinceramente, não sei se foi xeque-mate, mas que Miss Dior EDP (2017) chegou perto de conquistar a Rainha, não me restam dúvidas.
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