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SERPENT BOHÈME, DE BOUCHERON

Perfumart - resenha do perfume Boucheron - Serpent Bohème

O perfume Serpent Bohème foi lançado em agosto de 2020, quando o mundo ainda amargava a pandemia da COVID-19. No Brasil, chegou em 2021 e sofreu com o lento processo de retomada das importações e a baixa divulgação de artigos de luxo, tamanho índice de desemprego.

O conceito traz de volta a beleza da serpente, como vemos no nome, cuja coleção de joias – criada em 1968 – nasceu a partir de um colar que Frédéric Boucheron ofereceu à sua mulher, em 1888, pelo seu aniversário. Quem lembra da serpente que adornava a tampa do frasco de Trouble?

Desta vez, os elementos da serpente estão mais explícitos e suas escamas douradas vêm gravadas na caixa e, também, no frasco. O design faz lembrar bastante um dos belíssimos anéis da coleção Serpent, de Boucheron.

A fragrância foi criada por Anne Flipo e é classificada como chipre-floral-almiscarada. A pirâmide olfativa lista notas de groselha preta e tangerina, no topo; Notas de rosa da Turquia, rosa-do-deserto (Adenium Obesum) e jasmim Sambac, no corpo; Notas de ládano, patchouli, sândalo e almíscar, na base.

Que fragrância linda! Ela toca a pele com toda a beleza amoníaca da groselha preta e o frescor da tangerina, ao mesmo tempo em que se posiciona como delicada e elegante desde os primeiros instantes. Não demora muito para que a beleza da rosa comece a exalar, aqui reforçada pelo cheiro da rosa-do-deserto, que revela nuances de rosas frescas recém-cortadas.

O jasmim também marca presença, mas mostra facetas mais verdes desta vez. E a evolução traz uma base mais cremosa e suave, com muita evidência das notas de sândalo e almíscar. E o resultado me faz lembrar da delicadeza do cheiro de um famoso xampu infantil, que é persistente, sem ser insistente.

Tem gente que acha que Serpent Bohème não é um chipre, mas essas pessoas continuam presas ao estilo chipre do passado, que possuía uma estrutura básica de bergamota, gálbano e patchouli (topo, corpo e base), no caso das fragrâncias femininas. O chipre moderno já vem trazendo uma natureza menos verde, que costuma ter uma estrutura muito próxima à desta criação. Portanto, tudo certo até aqui!

O desempenho desta Eau de Parfum é muito bom, embora não seja do tipo que exala horrores, deixando um rastro enorme. Como eu disse antes, delicada e elegante. E eu, particularmente, acho que a fragrância é bastante compartilhável ou, pelo menos, serve para praticar layering com outras mais amadeiradas e densas. E embora não seja novidade nos perfumes da grife Boucheron, a apresentação ficou muito bonita e de ótimo acabamento.

Serpent Bohème: uma fragrância sutil e perigosa como o rastejar de uma serpente.


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BORRIFANDO CONHECIMENTO HÁ ANOS. Crítico de fragrâncias, jurado de premiações nacionais nas categorias de perfumaria fina e cosméticos masculinos, além de consultor particular de estilo em fragrâncias e criador do Perfumart, maior blog especializado no assunto.

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