Lançada em 1979, a linha Natura SR N foi a primeira do mercado nacional, elaborada com o objetivo de oferecer produtos dirigidos ao cuidado e bem-estar do homem. A fragrância clássica e marcante dos produtos dessa linha conquistou o público masculino e levou a Natura a lançar, em 1981, o primeiro perfume da coleção.
A fragrância original foi criada por Jacques Villiger (perfumista da Firmenich) e possuía notas de bergamota, cassis, folhas verdes, gálbano, toranja, lima e limão, no topo da composição. Em seguida, o corpo trazia notas de Artemísia, cardamomo, flor de laranjeira, menta e lavanda, partindo em direção a uma base com madeiras, almíscar, patchouli, vetiver, cedro e baunilha.
Como sou nascido em 1978, não tive muito acesso à fragrância original durante a minha infância. Mas me lembro que quando o senti, já nos anos 90, me pareceu uma espécie de resposta à altura para fragrâncias importadas da época, como Polo (Ralph Lauren), Bogart Eau de Toilette (Jacques Bogart), etc. O perfume de SR N era forte, cheio de aspecto “old school”, com uma saída cítrica e uma evolução amadeirada, repleta de nuances de barbearia. Era um daqueles perfumes com o famoso “cheiro de homem”, que as mulheres tanto falam.
Tirando o fato de que SR N sufocava em dias muito quentes e possuía uma baita projeção, marcou uma geração e fez história, mantendo usuários fiéis até os dias de hoje. Porém, em 2007, sofreu uma reformulação e ganhou nova roupagem. Os perfumistas envolvidos foram Maria Tereza Belotti e Eurico Mazzini. Sua composição ficou mais enxuta e passou a ter as seguintes notas: limão, toranja e gálbano, no topo; Artemísia, lavanda e cardamomo, no corpo; vetiver, patchouli e baunilha, na base.
Como resultado, o clássico se modernizou e hoje não assusta mais. Senti a mesma coisa com relação à fragrância de Kriska, outro clássico da empresa. Agora, SR N toca na pele de forma cítrica e levemente frutada, evoluindo para um perfume mais verde e menos balsâmico. Na minha opinião, já pode ser usado em dias mais quentes sem medo. Em contrapartida, a imensa projeção de antes não existe mais. Esse movimento de fragrâncias que perdem a potência com o passar dos anos e as reformulações é o resultado de anos de pesquisa de mercado, ouvindo consumidores que reclamam de perfumes muito fortes, muito invasivos, etc. Infelizmente, não se pode agradar a todos e, por isso, muitos amantes da perfumaria vivem em busca dos bons perfumes vintage.
SR N ainda possui duração mediana e fragrância agradável. Seu sucesso trouxe, em 2008, seu primeiro flanker: SR N Citrus. De lá para cá, a linha recebeu várias edições limitadas, como SR N Couro, SR N Âmbar, SR N Cedro, SR N Sândalo e SR N Vetiver.
O frasco atual não possui mais aquele rótulo frontal e o nome vem gravado direto no vidro (vide foto). Também não há tampa e o spray é de rosca, trazendo uma trava de segurança embutida. Vale revisitar!
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Mais pq o nome Sr N? Qual o significado?
Nunca encontrei nada a respeito sobre a escolha do nome. O que fica implícito é o “Senhor Natura”, equivalente ao Pour Homme dos importados da época.
Sim Carlos! Comprei ontem (uso ha mais de 20 anos também) e o aroma está totalmente diferente! Nada a ver com o SrN!
Uso a mais de 20.anos, comprei o desodorante agora nessa última vez e acho que mudaram a fragrância. Não gostei!
cara eu uso a mais que 20 anos, mais hoje uso so o desodorante, pois o perfume mesmo mudou muito e nao tem mais nada haver com o srn . uma pena
Amei esse perfume! Mesmo não sendo exatamente compartilhável, é pecado( rsrs) se eu usar??
Claro que não! Pecado é gostar e se prender aos rótulos de venda do mercado.
Eu amava o Sr N antigo! Mudou totalmente a fragrância (ficou horrível), e manteve o mesmo nome, uma enganação!