A fragrância de 611 Extremo teve, como inspiração, uma caminhada pelo Jardim Botânico, no Rio de Janeiro. A perfumista responsável foi Cécile Matton, que já esteve envolvida com diversas criações para grifes de peso internacional, como Lalique, Giorgio Armani, Etat Libre d’Orange, Viktor&Rolf, etc. O nome (cada fragrância traz um número na frente) não tem um conceito estabelecido, a não ser pelo fato de que uma das exigências foi a utilização do 11, que possui grande significado pessoal para Giovanna.
O perfume 611 Extremo é classificado, pelo fabricante, como floral-oriental ou, como a indústria vem chamando nos últimos anos, “floriental”. Possui notas de bergamota, pera e ruibarbo, encabeçando a composição e trazendo um corpo opulento de tuberosa, jasmim do Egito e espinheiro-alvar (ou espinheiro-branco). Na base, foram combinadas notas de íris, benjoim, baunilha e alcaçuz.
Na pele, a fragrância de 611 Extremo é mais mutante do que a de 411 Intenso. E isso é ótimo! Aliás, a fragrância surpreende por fazer lembrar vários pedaços de outros perfumes e concentrá-los em uma mesma composição.
Você gosta de tuberosa? Então vai gostar deste perfume. Você não gosta de tuberosa? Não tem problema! E eu explico o porquê.
Apesar de ser fã de perfumes com nota de ruibarbo, aqui tal nota não se sobressai. A saída é dominada pela nota de pera, que traz a mesma nuance de pera de outras fragrâncias atuais como, por exemplo, aquela do Black Opium EDT (YSL). Então, o corpo floral traz uma deliciosa tuberosa, que chega de mãos dadas com o forte lado indólico do jasmim e domina a evolução, quase que por completo. É nesta fase que os (as) fãs de perfumes como Central Park West (Bond No.9), Terracotta Le Parfum (Guerlain) e Carnal Flower (Frederic Malle) irão se identificar com 611 Extremo. No entanto, a tuberosa não é tão voluptuosa ao ponto de incomodar os que não suportam seu cheiro. E isso ocorre porque a perfumista, criadora de fragrâncias florais e cheias de nuances orientais e gourmands, soube balancear o aspecto floral com uma base mais adocicada, sem ser excessivamente doce. A baunilha e o benjoim são mergulhados em uma espécie de licor de anis, que corta a doçura e se funde à íris, levemente pulverulenta, mas sem aquele cheiro de maquiagem.
611 Extremo é um perfume que engana os sentidos e faz você pensar em notas de coco e de ylang-ylang por diversos momentos. A minha única ressalva seria uma limitação que pode ocorrer em locais de muito calor, como o próprio Rio de Janeiro (local de inspiração), que possui temperaturas acima dos 40ºC durante o verão. Além disso, o público masculino pode vir a ficar receoso de usar esse tipo de fragrância, principalmente o brasileiro, mais acostumado com perfumes aromáticos e oceânicos e criado com a lenda de que perfume masculino “tem que ser amadeirado”. Mas para quem já ultrapassou essa barreira de gêneros e gosta de se aventurar no universo das fragrâncias de nicho, é um prato cheio.
Vale dizer que exala e fixa muito bem (embora tenha me causado um pouco de cansaço olfativo) e possui a mesma apresentação dos demais, com aquela caixa branca e etiqueta dourada, em homenagem ao Teatro Municipal, no Rio de Janeiro.