O perfume Ambre Beige foi lançado em 2020, junto com a chegada do mês de agosto, época do ano que faz parte do inverno no Brasil. Desta vez, a cor escolhida pelo perfumista foi a bege, cuja origem vem do termo francês que dá o nome a este perfume e significa “sem cor”. Historicamente, o termo bege se aplicava à tonalidade natural da lã ou a qualquer tecido ainda não tingido.
Com Ambre Beige, a casa independente de perfumes criada por Fábio Condé traz a resina de âmbar como ingrediente-chave. E vale lembrar que esta nota nos direciona para fragrâncias ambaradas, não ambarinas.
O conceito criativo traz aspectos de conforto e aconchego, reforçando a ideia de que se trata de uma fragrância para dias de temperaturas mais baixas. Para tal, foram utilizadas notas de laranja doce e rum, no topo; Benjoim, caramelo, canela, cardamomo e íris pálida, no corpo; Âmbar, ládano, cedro, cacau e baunilha, na base.
Assim que toca a pele, Ambre Beige embriaga os sentidos com muita presença da nota de rum. Nem vou perder meu tempo divagando se a laranja é doce ou azeda porque, claramente, ela foi utilizada para balancear a saída alcoólica, conferindo uma faceta mais suculenta. Ainda assim, entre os primeiros cinco a dez minutos, é o rum que domina e dá a sensação inicial de calor, de aquecimento.
Então, a fase intermediária surge como aquela porção generosa de doce que foi roubada da geladeira, no meio da madrugada, quando o sono não vem e o cobertor é nosso único companheiro nas noites mais frias, em frente à TV. Nessas horas, a gente gosta mesmo é de calda sobrando, dedos melados e misturas estranhas. E esta fragrância entrega tudo isso!
Benjoim, caramelo e canela se fundem em um combo de cor âmbar e textura viscosa, cujo aroma é capaz de chamar a atenção de qualquer confeiteiro. O bege, antes sem graça, se torna quente e alaranjado. E a evolução termina com uma baunilha cremosa, que mostra seu lado mais masculino ao ser combinada com o ládano.
Ambre Beige é classificado como oriental-ambarado, mas tem muito do perfil gourmand que já foi apresentado em Tabac D’Or (2017). Particularmente, enxergo estas fragrâncias como se fossem um duo criado para serem vendidas como Winter Editions (edições limitadas de inverno).
Em termos de performance, Ambre Beige estressa o olfato rapidamente, o que não é incomum em fragrâncias mais doces. Mesmo assim, possui alta duração e exala de forma satisfatória. Não é exatamente do jeito que imaginei, quando a empresa começou a soltar dicas do lançamento em suas redes sociais. Considerando a liberdade criativa do segmento e o perfil do perfumista (mesmo sabendo que ele adora a nota de baunilha), confesso que esperava um perfume oriental-ambarado de personalidade mais vintage, como Escada Pour Homme, por exemplo.
E que fique bem claro, a fragrância não decepciona. Eu criei uma expectativa e me deparei com um resultado diferente. Quem nunca?
Ainda assim, o primeiro lote de Ambre Beige esgotou em questão de minutos e a fila de espera continua aumentando. Ou seja, nem pandemia segura a Condé Parfum!
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Não existe ng melhor do que você para resenhar! Que maestria. Eu soltei uma gargalhada boa no final. Parabéns Cassiano
Opa Fábio, muito obrigado. Fico feliz com esse feedback!
Sempre impecável as resenhas…
Poxa, obrigado. Você foi rápido no gatilho!