O perfume Azzaro Pour Elle foi lançado em maio de 2015 para fazer par com o clássico Azzaro Pour Homme (1978). Em março de 2016, a grife anunciou o lançamento de uma versão mais intensa, inspirada em um vestido de gala Azzaro, revelando uma aura mais carnal.
Azzaro Pour Elle Extrême traz o mesmo frasco multifacetado da versão anterior, que foi inspirado nos espelhos do showroom da butique parisiense. Mas desta vez, a faixa brilhante é dourada.
Quem assina a fragrância é Nathalie Lorson, que contou com a colaboração de Fabrice Pellegrin. Foram trabalhadas notas-chave de açafrão, rosa e pêssego, em uma composição que traz notas de cabeça de rosa Marroquina, cardamomo verde e açafrão, seguidas por notas de coração de rosa e lírio, sobre uma base intensa de olíbano, cashmeran, pêssego e oud. Dá para perceber que houve um esforço em manter o DNA da fragrância anterior, o que me faz gostar ainda mais do resultado, pois é o tipo de flanker que eu admiro.
Então, o que mudou? Bem, esta versão extrema ficou mais frutada e muito mais potente. Assim que aplicada sobre a pele, a fragrância traz um forte teor de pêssego, no mesmo estilo de Nilang (Lalique). Parece até que tal ingrediente foi usado no topo da composição. Então, o açafrão dança entre o terroso e o adocicado e, juntamente com o pêssego e a rosa, acaba conferindo um cheiro floral-melado, ao ponto de me fazer lembrar de fragrâncias que possuem notas de acácia ou sempre-viva.
Conforme evolui (de forma lenta), vai se aproximando mais da fragrância original. Porém, nesta versão, o incenso é mais esfumaçado e mais denso. E aliado ao cheiro da madeira de agar (oud), resulta em um acorde muito típico das fragrâncias de nicho. Inclusive, se fosse um teste às cegas, provavelmente diria se tratar de um perfume da casa Fueguia 1833.
Quando colocadas lado a lado, ambas as fragrâncias ficam muito parecidas depois de algumas horas de uso. A questão é que esta versão Extrême exala muito mais que a outra. Já em termos de fixação, não senti muita diferença, pois ambas são Eau de Parfum. Continuo acreditando que é uma fragrância compartilhável, mas a nuance frutada pode vir a incomodar muitos homens, coisa que não existe na versão de 2015.
De alguma forma, sinto falta da nota de champanhe, mas gosto muito da noção de continuidade que foi dada, pois fica claro que uma serve para uso diário (e, principalmente, diurno), enquanto a outra foi feita para momentos mais especiais, que pedem perfumes mais impactantes, ou temperaturas mais amenas. De toda forma, se ainda existe preconceito sobre a casa Azzaro, está mais do que na hora de rever esses conceitos.
A mulher de Azzaro Pour Elle Extrême é a mesma, sem dúvidas. O que mudou foi apenas seu perfume, que ficou mais intenso.