O perfume Burvuvu foi lançado em setembro de 2018, exatamente um ano após o lançamento de Vaporocindro. Com sua cor rubro-ambarina, traz a imagem de um homem carregando peças de madeira sobre seus ombros, das quais brotam alguns cogumelos.
Burvuvu é uma fragrância classificada por seu criador, John Biebel, como amadeirada e especiada-âmbar e possui notas de gerânio, cedro branco do Canadá, cedro vermelho, cedro do Texas, rosa, patchouli, gengibre, âmbar, almíscar de Tonkin, cogumelo, hena, manjericão, mel e castóreo.
Seu nome, bem como dos demais perfumes da casa, foi escolhido através da junção de palavras ou idiomas estranhos e/ou obsoletos, uma vez que John não se sente confortável em usar palavras do Francês. Vaporocindro, por exemplo, nasceu da junção de duas palavras do Esperanto: vaporo (vapor) e cindro (cinzas).
Burvuvu é uma verdadeira homenagem à madeira do cedro e suas variações, há tantos anos exploradas pela perfumaria. Ao combinar três tipos de cedro, temos um leque de nuances que vão desde o cheiro de madeiras leves ao cheiro de lápis, passando pelo canforado, pelo doce e pelo mais seco. Mas há uma reviravolta no conceito e no resultado, quando a gente percebe que Burvuvu está longe de ser uma fragrância tipicamente amadeirada.
Na pele, Burvuvu é sensual e cheio de toques florais, obtidos através do gerânio e, principalmente, da rosa. E é interessante vestir uma fragrância que não traz o absoluto de rosas (ou mais de uma variação deste ingrediente) como tema central, para notarmos a alta qualidade do que está inserido na composição. Quando uso, sinto um perfume de rosas – nada feminino – com abertura vibrante de gengibre e uma bela camada de mel sobre toras de cedro molhadas por um almíscar animálico e sensual.
Tenho certeza que já registrei isso de alguma forma, mas vale repetir: John Biebel é um dos maiores perfumistas independentes dos últimos anos. Sua veia artística se revela de forma olfativa e suas criações surpreendem pela diferença comercial e, sobretudo, pela qualidade. Normalmente, suas fragrâncias são muito ricas em evolução, rastro e durabilidade.
Para mim, Burvuvu não é um perfume que fala apenas do cedro. Ele retrata o lenhador que derruba árvores, mas que planta rosas em seu canteiro de flores.
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