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VAPOROCINDRO, DE JANUARY SCENT PROJECT

Perfumart - resenha do perfume January Scent - Vaporocindro

Vaporocindro é o mais recente lançamento do perfumista John Biebel para a sua marca independente, a January Scent Project. Depois de analisar suas três primeiras fragrâncias em concentração Eau de Parfum (Eiderantler, Smolderose e Selperniku), tenho a sensação de que John é um perfumista de vanguarda (do Francês avant-garde) como poucos, pois suas fragrâncias rompem com padrões já estabelecidos, criando um senso de pioneirismo na perfumaria atual.

Vaporocindro é um perfume de teor floral-especiarado (ou especiado, como alguns preferem chamar) e cheio de nuances amadeiradas e esfumaçadas. O próprio criador o define como um “perfume de vapor de madeiras, flores e especiarias”. Sua fragrância possui notas de lilás, folhas verdes, maçã, cúrcuma, pimenta preta, junquilho, mogno, cedro, agarwood (oud), davana, groselha preta, cominho, café, sândalo e ambergris.  

Antes de falar da fragrância, vale a pena explicar que a cúrcuma (também conhecida como açafrão-da-terra açafrão-da-Índia ou turmérico) é aquele condimento amarelo, muito usado em culinária, comumente chamado de açafrão, mas que nada tem a ver com o açafrão real (o vermelho), que é extraído dos pistilos da flor Crocus Sativa e vendido a peso de ouro. Muitos perfumes do mercado trazem a nota de açafrão em suas composições, mas acredite: raros são os casos em que é utilizada a matéria-prima real, optando-se pelo sintético Safraleine. A cúrcuma é da família do gengibre e seu aroma é mais terroso, enquanto o açafrão vermelho oferece nuances mais acouradas e fumarentas.

E o junquilho? Bem, aqui há muita confusão. Dizem que o junquilho é a mesma coisa que a frésia. Porém, em teoria, o junquilho é um tipo de narciso (Narcissus Jonquilla) e faz parte da família Amaryllidaceae. Já a frésia faz parte da família Iridaceae.

Vaporocindro é incrível! Toca a pele com nuances florais, que dançam entre a lavanda e a violeta, trazendo uma faceta em pó, que é levemente adocicada. Não sinto nada de maçã na saída. Ao mesmo tempo, um floral com aspecto seco e verde, como se fosse um extrato vegetal, se mistura com o cheiro doce de antes e a fragrância começa a ganhar novo formato. Surge, então, um lado mais picante e quente. Até esse estágio, aquele tipo de homem que só usa fragrâncias extremamente masculinas, poderá se incomodar e abandonar Vaporocindro de vez. Um erro fatal!

A mágica de Vaporocindro acontece de forma lenta e sua base traz nuances mais densas, quentes e esfumaçadas, lembrando um tipo de incenso. Aqui está o “vapor” citado por John. Mas não há olíbano ou mirra. Há uma aplicação perfeita de cominho, picante e anisado, que se mistura com o oud em harmonia. O lado amoníaco vem da groselha preta e a longevidade é resultado da marcante presença de mogno e ambergris. Tem mais? Sim, uma faceta que lembra tabaco, mas que é resultante da nota de café.

Vaporocindro é como aqueles perfumes de antigamente, pois te acompanha o dia inteiro e deixa você perceber cada mudança de sua evolução. Sei que já falei antes, mas vale repetir: é incrível!


 

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BORRIFANDO CONHECIMENTO HÁ ANOS. Crítico de fragrâncias, jurado de premiações nacionais nas categorias de perfumaria fina e cosméticos masculinos, além de consultor particular de estilo em fragrâncias e criador do Perfumart, maior blog especializado no assunto.

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