Continuando a explorar as fragrâncias em concentração Eau de Parfum da January Scent Project, Smolderose foi aquela que mais me chamou a atenção, na primeira vez que li algo a respeito da marca. Nos últimos anos, me tornei um verdadeiro apaixonado por fragrâncias que conseguem trazer a rosa para um lado mais versátil, a ponto de ser utilizada em perfumes unissex e/ou masculinos, algo que é muito comum na Alta Perfumaria.
O perfumista e criador John Biebel me contou que os nomes de seus perfumes não seguem uma lógica típica, que utiliza termos em Francês. Aqui, o nome vem da junção das palavras Smolder e Rose que, em Português, seria algo como “rosa ardente”.
A fragrância possui notas de rosa Damascena, bergamota, açafrão, conchas assadas, olíbano, flor de sabugueiro, patchouli, óleo de cade, ládano e oud. Ao ler tal pirâmide olfativa, não é difícil imaginar como deve ser o cheiro de Smolderose. Mas acreditem: o resultado é diferente daquilo que imaginamos. E o melhor é que não decepciona!
Smolderose foge do habitual cheiro que resulta do combo feito de rosas + açafrão + oud + olíbano, que estamos acostumados a encontrar em fragrâncias que retratam o Oriente Médio. Desde o momento em que toca a pele, o incenso é leve e a rosa se destaca de todo o resto da composição. Por mais opulentas que sejam as demais notas, a rosa permanece inalterada do início ao fim. E desta vez, ela não foi explorada com teor sujo ou metalizado. Seu romantismo foi mantido, com o lado feminino quase imutável, mas sem se mostrar inocente demais.
As notas amadeiradas servem de matéria-prima para a brasa que faz a rosa queimar, lentamente, em homenagem ao seu nome. O óleo de cade, que vem do junípero conhecido como junípero de alcatrão (uma espécie que cresce nas áreas rochosas do Mediterrâneo), se une ao calor do patchouli e do oud. O ládano confere uma nuance acourada que é bastante perceptível, ainda que suave.
De forma simplista, Smolderose é como um belo incenso árabe de rosas, que não possui grande evolução, permanecendo linear, mas não acaba nunca. Talvez seja a fragrância mais delicada das três já lançadas, mas não me interpretem mal: não é uma fragrância fraca ou suave, pois projeta e dura de maneira irrepreensível.
Também vale dizer que não é a mesma fragrância da versão Parfum Oil, lançada em 2015. Esta última é rica em absoluto de rosas, castoreum, tabaco, mel, baunilha, entre outras notas. Farei uma resenha mais adiante.
Para encerrar, admito que John conseguiu me surpreender novamente, com uma fragrância que chama atenção pelo nome, captura pelos ingredientes utilizados e se revela de forma inusitada, contrariando expectativas e abrindo espaço para um novo tipo de perfume de rosas.


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