Esta fragrância se revelou uma grande surpresa para mim. Quando recebi o material da January Scent Project e li as descrições nos cartões anexos, confesso que fiquei preocupado com o a classificação “Ivy Fougère”, dada pelo criador. Particularmente, curto bons fougères, principalmente, aqueles com a pegada dos anos 80. Mas julgando pela cor verde do líquido e pela descrição, pensei se tratar de algo que eu já havia sentido em algum momento do passado. Para minha surpresa, Eiderantler se revelou extremamente moderna, além de ser a mais versátil entre as três Eaux de Parfum lançadas pela casa.
Possui notas de lavanda, folhas verdes, musgo, pimenta rosa, lavandin, folha de champa, hera, resina de elemi, abeto, feno, madeira de carvalho, caxemira, vetiver e almíscar. Você, que está lendo esta resenha, pode estar imaginando diversas combinações e nuances e eu te entendo, perfeitamente. Afinal de contas, um perfume que possui notas de abeto, hera e feno deve ser, no mínimo, diferente.
Eiderantler é mesmo diferente, mas não curioso e potente como Selperniku, tampouco belo e incensado como Smolderose. É verde e adocicado, ao mesmo tempo em que é suave e amadeirado. Quando borrifado na pele, possui uma saída forte de lavanda, como se esta ainda não estivesse em ponto de ser colhida. Então, nuances florais começam a aparecer, em um coração aromático e balsâmico. A champa (ou champaca) é um tipo de magnólia mais rara e com um perfume mais forte. Seu absoluto tem sido explorado por algumas casas de perfumaria. Na minha pele, foi a parte mais efêmera da evolução, como se o perfume pulasse das notas de topo direto para as de base. E essa base é sedosa e levemente amadeirada. Na minha pele, o destaque fica por conta do acorde que resulta da junção do almíscar com a cashmeran, que dá um toque especial de suavidade.
Eiderantler é um fougère que foge dos padrões, pois não traz a bergamota, sempre explorada. Aqui, o perfumista preferiu dar destaque para a lavanda e o musgo, em um perfume de cor verde, que se comporta como um daqueles de cor âmbar. Ao mesmo tempo em que o considero o mais versátil dos três, foi o que apresentou menor projeção. Porém, como tudo que fica confortável, é aquele que mais dá vontade de continuar usando o tempo todo.
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