Christian Dior era fascinado por velejar. E nesse estilo de vida livre e refinado, se inspirou para conceber algumas de suas criações. A coleção “Les Escales de Dior” (conhecida por Cruise Collection, em Inglês) representa o seu alter ego na perfumaria. São fragrâncias leves e luminosas, elaboradas a partir de matérias-primas naturais, que são obtidas em cada destino correspondente.
Para manter o compromisso da empresa em oferecer produtos de qualidade, François Demachy, perfumista da Dior, viajou para os destinos a fim de selecionar os ingredientes necessários para desenvolver tais perfumes.
Escale Aux Marquises significa Escala nas Marquesas, como são conhecidas as Ilhas Marquesas, que compõem um dos arquipélagos da Polinésia Francesa. Esta fragrância surgiu em 2010, após Escale à Portofino (2008) com seu perfil italiano e Escale à Pondichéry (2009) com sua inspiração indiana. Após o seu lançamento, houve a criação de mais uma fragrância inspirada no Brasil, mais precisamente em Paraty (no Estado do Rio de Janeiro): Escale à Parati (2012).
Com relação à sua composição, existem muitas informações divergentes (e erradas) sobre a fragrância, disponíveis na internet. Por sorte, também temos a página oficial da marca, além das gravações na parte traseira do frasco tester, que é o meu caso. Para começar, a flor de Tiare (gardênia do Tahiti) que é a grande estrela, não existe na cabeça, tampouco no coração. Ela está na base da pirâmide olfativa. Da mesma forma, a pimenta rosa está no coração, não na cabeça.
Então, vamos ao que interessa: a fragrância de Escale Aux Marquises foi concebida sobre 3 acordes principais: essência de laranja-sangue, pimenta rosa e absoluto da flor Tiare. Mas a composição não é tão simples assim! Na verdade, ela traz notas de essência de laranja-sangue, pimenta preta, gengibre, cardamomo, limão e resina de elemi, no topo. No coração, pimenta rosa, frésia, néroli e especiarias picantes, como: cravo, canela, noz-moscada e coentro. Por fim, na base, absoluto da flor Tiare, baunilha do Tahiti (cultivada localmente e considerada a pérola negra da Polinésia) e benjoim.
O resultado é frutal-aromático, com nuances levemente cítricas e florais. E fica fácil de entender a questão dos acordes principais, porque é exatamente o que sentimos na pele: uma saída suculenta de laranja-sangue, que abre espaço para um coração picante e adocicado e que se deita sobre uma base leitosa e floral. É uma delícia! A fase inicial me faz lembrar muito do perfume Solo Loewe, por incrível que pareça. Infelizmente, não projeta por muito tempo e acaba ficando rente à pele, mas a fixação é boa (afinal de contas, é um Dior).
Não sei por que, mas essa coleção é catalogada como feminina, pela própria empresa. Na minha opinião, todas as fragrâncias são perfeitamente compartilháveis.
Para encerrar, o frasco possui o padrão Cannage – simbolizando a trama de vime dourado que forrava as cadeiras utilizadas por Christian Dior no seu primeiro desfile, em 1947.